Açoriano Oriental
Exploração de menores talibés atinge toda a África Ocidental
A capital senegalesa não é a única cidade do país afectada pelo problema dos talibés, que leva alunos de estudos corânicos a mendigar pelas ruas por dinheiro e comida para levar aos alegados mestres ou marabus, como também são conhecidos.
Exploração de menores talibés atinge toda a África Ocidental

Autor: Lusa / Ao online
    Além de Dacar, Thies, Diourbel, Ngékhokhe, Fatick, Kaolack e Zinguichor são outras das cidades onde é possível verificar o fenómeno dos talibés, que existe em toda a África Ocidental.

    À semelhança do Senegal, também nas capitais da Gâmbia (Banjul) e na Guiné-Bissau (Bissau) é comum ver crianças a mendigar pelas ruas.

    Enquanto em Dacar a maior parte das crianças é proveniente das regiões leste da Guiné-Bissau, na capital guineense, por exemplo, os talibés são provenientes da Guiné-Conacry.

    Em Bamako, capital do Mali, as crianças são oriundas do Burkina-Faso.

    O fenómeno das crianças talibés assumiu proporções tão elevadas naquela região africana que a Organização Internacional das Migrações (OIM) criou um programa apenas dirigido ao retorno e reintegração de vítimas de "trato" (em espanhol) ou "traite" (em francês) na África Ocidental.

    A expressão "trato" não tem um sinónimo em português, mas significa essencialmente exploração de menores.

    Segundo a definição dada pela OIM, o "trato" de crianças é o recrutamento, transporte, transferência e acolhimento com o objectivo final de exploração.

    A OIM refere igualmente que a exploração inclui a prostituição de menores, trabalhos forçados, escravatura ou práticas semelhantes à mesma e a servidão.

    No caso do Gana, a OIM tem trabalho no sentido de evitar que as crianças sejam sujeitas a trabalhos forçados no sector da pesca.

    A prostituição de menores é outro dos fenómenos que afecta à região com contornos muitos semelhantes aos conhecidos na Europa, com cidadãs brasileiras e de leste.

    Na África Ocidental, as jovens raparigas também são aliciadas para um trabalho, que não existe, e acabam a prostituir-se contra sua vontade.

    No caso dos talibés, a luta contra o fenómeno tem enfrentado vários obstáculos, nomeadamente o facto de as operações de transporte das crianças serem cada vez mais encobertas.

    Por outro lado, os pais consideram ser normal enviar as crianças para fazer os estudos corânicos fora do país e longe de casa, desconhecendo muitas vezes que os menores são explorados pelos seus mestres.

    Outros pais consideram "normal" o sofrimento, considerando-o como parte do caminho para chegar a Deus.

    Segundo a OIM, a maior parte dos talibés resgatados das ruas e integrados não voltam a mendigar, mas organizações não-governamentais guineenses referem que muitas criança são obrigadas a regressar às supostas escolas corânicas pelos seus pais.
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