Autor: LUSA/AO online
O médico falava aos jornalistas depois de ser ouvido por representantes dos partidos da oposição nos Açores – PSD, CDS-PP, BE, PCP e PPM – na delegação da Assembleia Legislativa em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, na sequência de o PS, partido maioritário, ter chumbado a sua audição na Comissão de Assuntos Sociais.
Luís Nunes explicou que no caso de uma grávida o marido podia estar a acompanhá-la no hospital do Faial “ou poderia ir e vir ao Pico quando queria, desde que entregasse o primeiro bilhete em como foi a acompanhar e entregasse o último em como chegou”, mas “não havia qualquer hipótese de confirmar se a pessoa esteve aqueles dez, 15, 30 dias no Faial sempre a receber os abonos previstos na lei”.
“Solicitámos ao senhor secretário da Saúde que nos autorizasse a implementar um processo em que as pessoas nestas circunstâncias teriam que validar a sua presença diariamente ou bidiariamente no hospital”, adiantou, referindo não ter tido resposta, mas assegurando que a verba em 2016 “foi apenas o dobro” da do ano anterior, sem especificar.
A deputados daqueles partidos, Luís Nunes deu ainda conta de interferências por parte de “políticos de topo da ilha do Pico do PS”.
“Estou a falar em concursos de pessoal, mas poderia dizer isto - tentativas de ingerência - a outro níveis”, declarou.
Sobre a sua exoneração, adiantou estar “absolutamente convencido” de que se tratou de “pressões, as interferências, a vontade dos atores políticos da ilha do Pico”.
No início do mês, a ex-administradora da Unidade de Saúde da Ilha do Pico, exonerada do cargo em abril deste ano, apresentou uma queixa-crime no Ministério Público contra o secretário da Saúde dos Açores, por alegadas "calúnias".
Num comunicado à imprensa, Maria de Jesus Oliveira acusou Rui Luís de "prolação de factos falsos" aos órgãos de comunicação social relacionados com supostos "recebimentos indevidos de verbas" relativas ao seu vencimento.
A queixa-crime apresentada por Maria de Jesus Oliveira surgiu dias depois de o secretário regional da Saúde ter afirmado aos jornalistas que o motivo da exoneração da ex-presidente da Unidade de Saúde da Ilha do Pico se deveu a "irregularidades" no pagamento de retroativos no vencimento da antiga administradora.
Hoje ao início da tarde, o líder parlamentar do PS na Assembleia Legislativa Regional, André Bradford, considerou “um insulto às regras democráticas e ao sistema autonómico” criar um “sistema paralelo fora das regras deste parlamento para funcionar” sempre que dá jeito.
“É um risco para a solidez das instituições, é um desrespeito para com o parlamento e para com a vontade do povo eleitor dos Açores”, disse André Bradford, considerando que teria sido adequado se a oposição se tivesse juntado para solicitar uma comissão de inquérito.
O deputado do PSD Luís Maurício afirmou que uma vez que o PS lançou o desafio à oposição de requerer a constituição de uma comissão de inquérito, os sociais-democratas sugerem que os socialistas invertam o sentido da votação, permitindo que a Comissão de Assuntos Sociais delibere ouvir novamente o secretário regional e o conselho de administração da unidade do Pico.
Questionado sobre a alegada fraude, o secretário regional da Saúde dos Açores esclareceu que existe “um programa de reembolsos a funcionar nos Açores”, mas há que “adaptar a situação muito específica que existe entre Faial e Pico”.
“Temos deslocações diárias que não são bem enquadráveis dentro da portaria da deslocação. Vamos adaptá-la”, garantiu Rui Luís, adiantando já ter havido uma reunião sobre esta matéria.
O secretário-coordenador do PS na ilha do Pico, Miguel Costa, recusou-se a comentar.
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