Autor: Lusa/AO Online
Segundo o despacho de acusação do Ministério Público (MP), a que a Lusa teve hoje acesso, a arguida, de 45 anos, exerceu durante "cerca de 17 anos, e até 23 de outubro de 2012", as "funções de gestora comercial" do balcão de Rabo de Peixe, em São Miguel, do Banif e ter-se-á servido do "cargo que ocupava" para “obter para si uma vantagem patrimonial que sabia não ser legítima”.
A acusação do MP descreve vários episódios e operações de levantamento, entre 2009 e 2012, “executadas pela arguida” que através de “um estratagema” terá conseguido "colocar à sua disposição" quantias que pertenciam aos clientes.
Segundo o MP, a arguida "conseguiu colocar à sua disposição quantias pertencentes aos queixosos", valores que “sabia não lhe pertencerem" e "enriquecer o seu património com tal montante”.
Num desses casos, a mulher ter-se-á aproveitado "da pouca instrução da queixosa" e terá pedido à cliente para assinar um cheque que a arguida terá preenchido, mas "não mostrava o valor" que constava do documento.
A alegada burla terá sido detetada após a realização de uma auditoria interna desencadeada pela queixa de um cliente confrontado com a falta de valores na sua conta.
Um dos clientes apercebeu-se, em outubro de 2012, que a sua conta registava "movimentos que não tinha autorizado", enquanto outro detetou “divergências entre os montantes depositados”.
O MP alega que a mulher “agiu livre, deliberada e conscientemente, sabendo que as suas condutas eram proibidas e punidas por lei, mas não se absteve de agir da forma descrita.
A arguida, natural de Lisboa, foi detida, no Seixal, pela Polícia Judiciária (PJ) a 02 de abril de 2013 pela presumível autoria do crime de burla qualificada.
A mulher está atualmente sujeita a apresentações semanais no posto da PSP da área de residência e proibida de se ausentar para o estrangeiro.
A mulher vai responder em tribunal pelos crimes de burla qualificada na forma continuada, burla informática na forma continuada e falsificação de documento na forma continuada.
Este caso vai ser julgado por um Tribunal Coletivo a partir das 09:15 (10:15 em Lisboa) de terça-feira.