Açoriano Oriental
Museu
Este museu é um livro de histórias que não pode ser contado
A avaliar pelas mensagens escritas no livro de honra à entrada (ou à saída) da Oficina Museu das Capelas, só aprecia o espaço onde Manuel Melo reproduz “as vivências de um tempo que vai passando”, quem lá for. Nada mais verdade. O espaço, rigorosamente desenhado e naturalmente fiel às artes e ofícios açorianos ou, não sendo exclusivos, vividos à boa maneira dos populares das ilhas, surpreende qualquer registo fotográfico ou testemunho verbal.
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Autor: Ricardo Rego
Percorrer uma das ruas da “cidade”, recriada há 13 anos pelo antigo professor do ensino básico, significa muito mais do que recuar no tempo. É viver uma experiência a três, quatro e a cinco dimensões, com os sentidos (tantos quanto possível)  em estado de alerta. Aliás, umas das preocupações do mentor e proprietário do museu é “pensar sempre no partido que o visitante pode tirar das coisas, o que ele vai ver e, sobretudo, no que ele vai levar quando sair daqui”. Muito.

Da “Loja de Fazendas” pode levar os tecidos da época meticulosamente expostos em qualquer uma das prateleiras atrás do balcão; da “Papelaria” o cheiro das sebentas e borrachas; da “Barraca” o aroma das frutas e dos legumes; da “Casa dos Barcos” a frescura e a quase presença do mar, considerando o arejamento do espaço.

A rua é uma autêntica réplica de uma das de Ponta Delgada. Há varandas e varandins, reclames luminosos da Kodak, candeeiros públicos que iluminam os transeuntes e os animais que puxam passageiros e mercadorias, numa via estreita e ladeada por edifícios desalinhados.

Por mês, em época alta, a Oficina Museu das Capelas recebe cerca de 200 visitantes. Na época baixa, o número desde para os 100, entre locais, nacionais e estrangeiros. Acrescem as visitas regulares das escolas. “Um museu é uma escola, é um livro, no qual se faz uma ligação entre aquilo que se leu no livro e a realidade. Este museu tem uma dimensão informativa muito grande. Sempre ligada à realidade”, admite Manuel Melo.

“O êxito das coisas está no rigor com que se executam”, lê-se num pequeno cartão que identifica uma cena do folclore açoriano ( Dança dos Cadarços), exposta na sala das antiguidades da praça central do museu. Manuel Melo divertiu-se a transformar a antiga quinta de laranjeiras numa estrutura cujo seu recheio permite “um encontro com as raízes”. Um encontro possível com o pagamento de dois simbólicos euros.
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