Açoriano Oriental
Doente recebe "coração artificial", o segundo em Portugal em três dias
Um doente com insuficiência cardíaca recebeu quinta-feira no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, um dispositivo de assistência circulatório interno, conhecido como "coração artificial", três dias depois da primeira intervenção em Portugal, realizada no Hospital de Santa Marta.

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

 

Miguel Abecassis, cirurgião cardiotorácico que dirigiu a intervenção no Hospital de Santa Cruz (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental), disse à agência Lusa que a operação “correu bem” e que o doente está a recuperar, apesar das dificuldades de um pós-operatório desta natureza.

O médico começou por esclarecer que este dispositivo, apesar de ser conhecido como tal, não é um verdadeiro coração artificial, pois estes são usados de forma definitiva.

No entanto, em situações como a deste doente, de 71 anos e com um quadro de insuficiência renal e hepática, o dispositivo acaba por funcionar como “de destino”, ou seja, dificilmente será substituído.

“Este é um dispositivo de assistência circulatória interno. Ao contrário dos que temos utilizado até hoje, que são dispositivos de assistência circulatória externos, estes têm a enorme vantagem de, por um lado dar mais liberdade ao doente e, por outro, não ter as complicações dos dispositivos externos”, explicou o cirurgião.

Tal como a equipa de José Fragata, que terça-feira anunciou a pioneira implantação em Portugal deste dispositivo, que tinha ocorrido na véspera, a equipa de Santa Cruz deslocou-se a Lausanne (Suíça) para tomar conhecimento da técnica.

O doente, que recebeu quinta-feira o dispositivo, “sofre de insuficiência cardíaca avançada, com vários internamentos no hospital por essa razão, o último dos quais sete dias antes da implantação, em que havia claramente um quadro de insuficiência renal e hepática em evolução”.

“Uma vez que este seria sempre um recetor marginal - se é que alguma vez seria um candidato a transplante, que não é - achámos que era um candidato a este tipo de dispositivos”, adiantou o cirurgião.

A cirurgia durou cerca de três horas e meia e, além da implantação do sistema de apoio circulatório, os cirurgiões tiveram de reconstruir a válvula do lado direito do coração do doente.

Para Miguel Abecassis, a maior dificuldade durante a cirurgia deu-se na correção das alterações de coagulação, devido ao quadro de insuficiência hepática do doente, já que do ponto de vista técnico “não existiu qualquer problema e a bomba funcionou sempre a 100 por cento”.

O doente, que tem “um prognóstico reservado, como todos estes doentes”, tem registado “uma evolução muito positiva nas últimas horas”.

Segundo Miguel Abecassis, existem já outros candidatos a este dispositivo.

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