Açoriano Oriental
Dirigente náutico quer estudo sobre operacionalidade de portos do Triângulo

O presidente do Clube Naval da Horta (CNH), José Decq Mota, defende a realização de um estudo que determine as condições de operacionalidade nos portos do Triângulo para evitar acidentes como o de sábado com o navio “Mestre Simão”.

Dirigente náutico quer estudo sobre operacionalidade de portos do Triângulo

Autor: Lusa/AO online

“Tenho ideia de que tem de ser estudada a operacionalidade do porto com estes navios, com rigor técnico e científico, recorrendo a homens do mar, a pessoas capazes de avaliar as forças, a inércia dos navios, capazes de avaliar todos os fatores, no sentido de depois poder haver decisões claras sobre que meios se empregam em função do tempo que está”, advertiu José Decq Mota.

O dirigente náutico, antigo líder regional e deputado do PCP, desde muito novo ligado às atividades náuticas de recreio, entende que esse estudo é fundamental para que as autoridades possam decidir, previamente, se uma determinada embarcação de transporte de passageiros, tem ou não condições de operar num determinado porto.

“Nós temos de ter a coragem de decidir assim: Não está condições para ir o Mestre Simão ou o Gilberto Mariano, vai outro! Se tem condições para outros, vão outros, se não tem, não vão”, insistiu o presidente do CNH, recordando que no sábado, dia em que o navio “Mestre Simão” encalhou na Madalena do Pico, a ondulação estava muito elevada à entrada do porto.

José Decq Mota lembrou também que os portos das ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge) foram alvo de muitas obras nos últimos anos e que passaram a ser operados por navios diferentes, sem que se tivesse estudado, previamente, a operacionalidade dos portos, perante as novas condições.

No seu entender, esse estudo de operacionalidade seria também importante para evitar que a tripulação do navio ou os gestores da empresa pública Atlânticoline, que assegura o transporte de passageiros e viaturas inter-ilhas, fossem alvo de críticas, como tem acontecido, por exemplo, nas redes sociais.

“Os juízos, sobre este acidente, obrigam a que esta discussão seja feita porque não se pode estar a condenar pessoas, tripulações ou gerentes, que não tinham indicação segura e sólida do risco que determinado tipo de operação, como essa que foi feita no Dia de Reis, podia ter”, salientou o dirigente náutico.

José Decq Mota recorda ainda que, só depois de ocorridos os acidentes com cabeços de amarração nos portos do Triângulo, é que foi feito um estudo para determinar a forma correta de os barcos atracarem no cais.

O navio “Mestre Simão”, de 40 metros de comprimento, encalhou sábado no porto da Madalena do Pico, devido à ondulação forte que se registava na altura, com 61 passageiros e nove tripulantes a bordo, que foram todos retirados através de uma balsa salva-vidas, sem que se tenham registados mortos ou feridos.

A embarcação, construída em 2013 pelos “Astilleros Armon”, em Espanha, começou a operar em 2014 e tinha sido submetida, entre outubro e dezembro de 2017, a uma paragem obrigatória para manutenção nos estaleiros de Aveiro, mas continua agora, e por tempo indeterminado, presa nas rochas à entrada do porto da Madalena, parcialmente submersa.


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