Açoriano Oriental
Entrevista a Pedro Gonçalves
Dead Combo: "Os Açores resultam sempre em momentos que guardamos na memória"

Pedro Gonçalves compõe os Dead Combo com Tó Trips há quinze anos. Em entrevista ao Açoriano Oriental, fala do concerto no Tremor, do novo álbum e da banda que esteve “duas vezes” para terminar...A música interveio e acabou por "falar mais alto". Por essa razão, há Dead Combo no Coliseu Micaelense, no dia 24 de março, a partir das 21h30





Autor: Miguel Bettencourt Mota

No dia 24 de março vão atuar no Coliseu Micaelense? O que se vai poder ouvir? Sobretudo, o último álbum ‘A Bunch of Meninos’ ou também temas do novo disco, Odeon Hotel?

Bem, o repertório vai passar um pouco pelos discos todos e também vamos tocar algumas músicas do novo álbum que vai sair em abril...

...Não tem sido incomum vermos e ouvirmos Dead Combo nos palcos açorianos. Desta vez, tocam no Coliseu, mas já estiveram também, por duas vezes, no Teatro Micaelense. Há uma ligação especial vossa a este lugar?


Para nós, os Açores são sempre um sítio muito especial...Por todas as razões do mundo [risos]! Resultam sempre em momentos e concertos que nós guardamos na memória...

...Então porquê?


É um bocadinho por tudo: é pelas pessoas – pela receção fantástica que temos - e pela beleza dos Açores em todos os sentidos...Mas acima de tudo pelas pessoas.


Que referências têm do Tremor?


As referências que temos são muito boas. Toda a gente que foi às outras edições nos disse maravilhas do festival. Dizem-nos que tem algo de muito único e de muito bom.

Os Dead Combo já somam 15 anos de existência. Que balanço fazer desta década e meia de música?


Muito bom [risos]! Começámos os Dead Combo sem ambições, sem objetivos, sem querermos grande coisa a não ser podermos tocar a nossa música e não tínhamos expectativa nenhuma que isto crescesse da maneira como cresceu e chegasse a tantas pessoas. Cada vez mais, nos surpreendemos com isso...

...Também são quinze anos de muita estrada. Nunca se cansaram?


Dos concertos, não. Aquilo de que nos cansamos tem a ver com questões pessoais e não com a música.


...E um do outro, já se cansaram?


Sim. O grupo sou eu e o Tó [Trips] e, às vezes, é como num casamento...Não há um terceiro elemento para ajudar a decidir as coisas e é complicado. Mas, pronto, ao fim de quinze anos já aprendemos a lidar com isso de outra maneira e de uma forma mais saudável [risos]...

...Alguma vez esteve em cima da mesa terminarem com o projeto?


Já e até por duas vezes, ao longo de quinze anos. Mas depois chegamos sempre à conclusão que a música fala mais alto e que os problemas que nós temos acabam por ínfimos e facilmente ultrapassáveis. Lá está, são coisas que não têm absolutamente nada a ver com a música...São de outros foros.

Olhando para trás e para o vosso percurso, acha que gradualmente o vosso som se foi reinventando?


Eu espero bem que sim. Nós pelo menos tentámos fazer isso, reinventarmo-nos e criarmos coisas novas. O esforço vai no sentido de criarmos resultados novos e irmos a sítios onde não tenhamos ido. Agora, se o temos conseguido ou não, as pessoas é que têm que o dizer. 


Podemos ouvir fado, rock, blues e a mescla disto tudo nos vossos trabalhos..A pergunta vai no sentido de perceber se terão uma toada musical mais definida agora, ou se preferem continuar a não impor limites à vossa música?


Acho que descobrimos uma linha, mas acho que essa linha é muito abrangente e pode incluir um pouco de tudo...Aliás, o novo disco é mais abrangente do que todos os outros.

Que registos musicais é que exploram neste Odeon Hotel?


Tem coisas mais para o lado do rock, algo de fado...É muito abrangente e difícil de resumir sem se ouvir.

Como decorreu o processo criativo deste álbum? O ‘A Bunch of Meninos’ data já de 2014...


Foi simples, mas mais demorado do que o normal. Isto porque, pela primeira vez, o disco foi produzido por alguém que não nós. Desta vez, a produção ficou a cargo de Alain Johannes – que trabalhou com Queen Of Stone Age, PJ Harvey, Chris Cornell e uma série de malta – e isso significou uma grande mudança. Fizemos uma pré-produção durante bastante tempo e enviámo-la. Só quando ele veio cá a Portugal é que o gravámos. Também foi a primeira vez que gravámos de raiz com bateria e fizemo-lo com o Alexandre Frazão, que vai estar connosco nestes concertos.

Acha que o disco poderá atingir os mesmos patamares de reconhecimento de alguns que o antecederam?


Nessas coisas nunca consigo ter uma noção. Só depois do disco estar cá fora e ouvir o ‘feedback’ das pessoas é que consigo perceber o que é que aquilo é. •














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