Açoriano Oriental
Cravos Vermelhos em Pequim para assinalar a revolução portuguesa
Estudantes de português da Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim (UIBE) ofereceram hoje cravos vermelhos aos colegas de outras universidades, numa celebração do 36º aniversário da revolução democrática em Portugal.

Autor: Lusa / AO online

“O 25 de Abril (de 1974) é uma data muito importante para nós, portugueses, e na opinião de algumas pessoas, é mesmo mais importante que o Dia Nacional”, explicou Sara Guimarães, professora da UIBE, que criou este ano letivo uma licenciatura em português.

É a quinta licenciatura do género na capital chinesa, cidade onde até há menos de uma década existia apenas um curso de português, ministrado na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim (Beiwai).

Cravo, em chinês, diz-se "kangnaixin"- "É um símbolo e os símbolos não podem murchar", disse Sara Guimarães, nascida em 1979 e radicada na China há dois anos.

Os seus doze alunos e mais de uma centena de estudantes de português de outras universidades encontraram-se hoje à tarde (hora local) no Centro Cultural da Embaixada de Portugal, durante a inauguração de uma exposição fotográfica sobre a “Revolução dos Cravos”.

Além de verem as fotografias de Alfredo Cunha, legendadas por Adelino Gomes, os estudantes ouviram o professor da Beiwai Raul Pissarra recordar como viveu o “Dia da Liberdade”.

Em abril de 1974, Raul Pissarra cumpria o serviço militar num quartel do Porto e estava mobilizado para a guerra em Moçambique.

Num texto distribuído aos alunos, em português e chinês, Pissarra salientou que, depois daquela data, “os portugueses voltaram a viver em Democracia” e Portugal “abriu às portas à convivência internacional”

A exposição, organizada com o apoio da Fundação Mário Soares, vai ser também apresentada em Macau e Tianjin, norte da China, cujo Instituto de Línguas Estrangeiras (Tianwai) tem uma licenciatura em português.

Cerca de 200 estudantes frequentam cursos de português na capital chinesa: na Beiwai, na Uibe, na Beida (Universidade de Pequim), na Erwai (Universidade de Línguas Estrangeiras nº2) e na Universidade de Comunicações.

Há 36 anos, Portugal e a Republica Popular da China não tinham relações diplomáticas e imprensa chinesa demorou mais de 48 horas a noticiar a revolução portuguesa.

“Golpe de Estado em Portugal”, anunciou o Diário do Povo, orgao central do Partido Comunista Chinês, no dia 28 de abril de 1974.

A notícia saiu na página 4: “Um grupo de oficiais derrubou o regime de Marcelo Caetano” e “um Comité de Salvação encabeçado pelo vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Spínola, que foi demitido há pouco tempo” assumiu o poder.

No semanário “Pekin Information”, o principal órgão de propaganda para o exterior, a primeira referência à revolução portuguesa apareceu na edição de 13 de maio, num artigo sobre as comemorações mundiais do 1º de Maio.

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