Açoriano Oriental
Corpo aguarda por autópsia há dez dias em São Jorge

Um corpo aguarda há dez dias por uma autópsia no centro de saúde da Calheta, na ilha de São Jorge, Açores, denunciou hoje o CDS-PP, que entregou um requerimento no parlamento regional, considerando a situação “completamente desumana”.

Corpo aguarda por autópsia há dez dias em São Jorge

Autor: Lusa/AO Online


“O corpo está no centro de saúde da Calheta há dez dias. É de um senhor que era emigrante nos Estados Unidos da América e que estava a passar férias com a mulher e o filho. No dia 24 de julho, foi pescar, sentiu-se mal e acabou por morrer”, afirmou à agência Lusa a deputada do CDS-PP no parlamento dos Açores Catarina Cabeceiras.

Fonte oficial do Ministério da Justiça disse que o Ministério Público informou no dia 27 de julho o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) que “queria a autópsia” e, “desde esse dia, o médico legista está à espera de voo para São Jorge para realizar a autópsia".

Segundo Catarina Cabeceiras, “esta não é a primeira vez que ocorrem situações como esta, mas dez dias talvez não”, frisando que “é recorrente as pessoas estarem à espera de médicos de medicina legal para a realização de autópsia a familiares”.

“Nas ilhas mais pequenas não existem médicos desta especialidade de medicina legal, nem médicos que tenham formação nesta área. Temos de estar dependentes de médicos que têm de vir de fora”, declarou a parlamentar, eleita pelo círculo de São Jorge.

Numa nota de imprensa, o CDS-PP/Açores adianta que a autópsia foi “solicitada pelo Ministério Público no passado dia 25 de julho” e “as autoridades de saúde não têm qualquer previsão ainda da data para a sua realização”, impondo, por isso, “maior desespero e sofrimento à família enlutada”.

Citada na mesma nota, Catarina Cabeceiras adianta que, “em agosto de 2014, foi tornado público que existia nos Açores cerca de uma dezena de médicos com formação em medicina legal, capacitados para realizar autópsias, seis em São Miguel e quatro na Terceira”.

“Naquela data, o então secretário regional da Saúde anunciou publicamente que iriam existir cursos de formação, para habilitar mais médicos, no âmbito de um protocolo a estabelecer” entre o INMLCF e o Governo Regional, do PS, adianta a mesma nota.

Segundo a nota, Catarina Cabeceiras questiona no requerimento o Governo Regional sobre se “tem conhecimento que existe um cadáver em São Jorge desde o passado dia 24 de julho à espera para ser autopsiado” e os motivos.

A centrista quer também saber “quando vai deslocar-se à ilha de São Jorge o médico responsável pela realização da autópsia a este cadáver” e “quais as causas que justificam a recorrente demora na vinda de médicos à ilha de São Jorge para a realização de autópsias”.

À Lusa, a deputada reconheceu que esta questão está diretamente relacionada com o instituto, mas lembra que o Governo Regional “tem de criar condições de igualdade para todos os açorianos”.

A Secretaria Regional da Saúde dos Açores informou que a medicina legal é tutela do Ministério da Justiça.


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