Açoriano Oriental
Ponta Delgada
“Contrato de concessão dos parquímetros está a prejudicar o comércio”

Bruna Vasconcelos Almeida. É a cabeça de lista da coligação CDS-PP/PPM à Câmara Municipal de Ponta Delgada. Defende uma revisão do contrato de concessão dos parquímetros, mais investimento na recolha seletiva e criação de novas linhas de minibus


“Contrato de concessão dos parquímetros está a prejudicar o comércio”

Autor: Cristina Pires/ Ana Paula Fonseca

Porque é que aceitou este desafio?
É um desafio que abre portas para que os jovens possam também integrar-se na sociedade e na vida política. Acho que foi uma grande aposta pelo CDS e pelo PPM. Relativamente à questão da coligação do PPM, tenho a maior consideração pelo Dr. Paulo Estêvão, que também recebeu o desafio de forma muito positiva, havendo assim a possibilidade de haver massa crítica neste âmbito.

Encabeça uma lista que diz ser jovem e dinâmica. Que equipa é esta?
É uma equipa maioritariamente jovem. Ninguém tem qualquer formação política ou ingressou a política no seu trabalho, mas tem muita vontade de trazer alguma novidade ao concelho, trazer mais-valias, e de responder às necessidades efetivas das pessoas.

Que necessidades são essas?
Existem várias necessidades. Queria apontar que a nossa lista, embora seja jovem, é transversal às preocupações de todas as idades.
Há uma questão fundamental no nosso concelho: não possui centros de noite, pelo menos afetos à Câmara Municipal de Ponta Delgada, o que leva as pessoas a serem transferidas massivamente para lares e, muitas das vezes, ainda estão nas suas faculdades, podendo ter algum apoio nestes Centros de Noite. Depois há que insistir para que haja uma rede de cuidadores transversal a todas as freguesias, para que possa haver essa proximidade e um apoio local e mais direto aos nossos idosos...

...Mas sendo uma responsabilidade assumida pela autarquia?
É uma responsabilidade assumida pela autarquia em cooperação com as juntas de freguesia.

E relativamente aos Centros de Noite, quais são as localidades do concelho que estão a necessitar de uma infraestrutura desta natureza. Já fizeram este levantamento?
Temos alguns levantamentos, mas de qualquer das formas uma proximidade com as juntas de freguesia poderá transmitir especificamente, quais são estas necessidades e podem fazer este levantamento da melhor forma. Pelas instituições que estivemos a contactar há indicação por parte da Segurança Social de idosos que vêm dos cuidados continuados do Hospital. (...)São pessoas que já vêm acamadas e com grandes dificuldades e que a família não consegue dar resposta às suas necessidades.

Quais são as freguesias em particular que precisam deste tipo de apoio?
Por exemplo, temos os Arrifes que em 2009 houve a tentativa de inauguração de um Centro de Noite e que até agora não se encontra em funcionamento. Também é uma das maiores freguesias de Ponta Delgada. Com um levantamento das necessidades, claro que podemos estender a todo o concelho.

A atual situação do comércio local é outra das suas preocupações. Porquê?
Tem havido um afastamento do comércio tradicional. As pessoas por uma questão de comodismo optam por ir para os centros comerciais. Uma das nossas propostas é uma alteração aos parquímetros. Achamos que o contrato de concessão com a Câmara não está a satisfazer as necessidades efetivas do centro da cidade, prejudicando assim o comércio tradicional e as pessoas que ainda habitam no centro da cidade. A nossa política não é retirar os parquímetros, no entanto há que criar alturas do dia, período pós-laboral, a partir das 17h30 até às 18h30, em que possa haver um incentivo para as pessoas virem fazer compras ao centro da cidade, e também ao sábado. Se houver um ajuste da autarquia com a empresa será uma mais-valia para o comércio tradicional.

Que outras medidas propõe para dinamizar o comércio tradicional?
(...)Há ruas que podem ser encerradas durante alguns períodos de tempo, para além de outras medidas. Temos que olhar pelo nosso comércio tradicional, tem de se manter as empresas abertas - o que também se reflete no número de postos de trabalho.

Defende que o município tem de apoiar o empreendedorismo jovem. Com que tipo de medidas?
O empreendedorismo é muito importante face ao crescimento do concelho. Uma das medidas que nós apostamos é a isenção da derrama municipal durante os primeiros três anos da instalação da empresa no concelho.

É única medida que propõe?
Ao empreendedorismo jovem sim, mas também a dinamização de espaços que nós temos para que se possam instalar as empresas no concelho. Temos, por exemplo, na Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, um espaço que visa a integração de novas empresas que precisa de ser bastante dinamizado. Custa-me entrar naquelas instalações e ver aquilo maioritariamente fechado.

Também defende a reestruturação do serviço de miniautocarros. O que propõe em concreto?
Há que dar mais mobilidade ao concelho. Julgo que esta é uma proposta que todos deveriam ter em atenção. Cada vez há mais necessidades por parte da população e de quem nos visita. Estamos a viver uma nova era no turismo, e é preciso colmatar estas lacunas. A nossa proposta é estender um pouco mais a rede existente, haver uma reestruturação a nível de horários porque, por exemplo, nem todas as linhas funcionam ao sábado, e há muitas pessoas que trabalham ao sábado. Haver também a inclusão de novas linhas, como em São Roque, onde há um densidade populacional elevada e permitir assim que as pessoas tenham mais mobilidade no concelho.

Há alguns partidos que defendem a criação de centrais rodoviárias. Qual é a sua posição sobre esta questão. Acha, por exemplo, necessário retirar os autocarros da Avenida Marginal?
Eu não concordo minimamente com este projeto e acho que nunca irá sair da gaveta. Quem utiliza este meio de transporte são, maioritariamente, crianças e idosos. Não podemos deslocalizá-los para a periferia (...).Temos uma cidade pequena. Suponhamos que as pessoas vinham do Bairro Alcino Alves, fariam uma paragem perto de São Roque, que é a proposta deles, e depois teriam que mudar de estação e voltar para Ponta Delgada. Não faz sentido estar a percorrer um quilómetro, acarreta mais custos para as pessoas e seria mais moroso.

Que medidas, do seu ponto de vista devem ser implementadas para minimizar a chamada “pegada ambiental” em alguns locais, como por exemplo, a Lagoa do Canário, nas Sete Cidades, devem ter um limite de acesso ou ter um acesso pago?
Não concordo que haja um acesso pago e nem que haja limite. Acho que deve haver uma grande sensibilização das pessoas e informação local sobre o que devem ou não fazer e talvez um acompanhamento especializado. Sabemos que há empresas de turismo que acompanham pessoas a fazer trilhos. Por outro lado, há a nossa natureza. Acho que não deve ser um impeditivo.

Ao nível dos serviços, o concelho está bem servido, nomeadamente ao nível da restauração?
O concelho está a crescer neste sentido. Há mais restaurantes a funcionar. Agora, continua a haver a necessidade de os restaurantes conseguirem manter o seu horário laboral até mais tarde, porque não é a mesma coisa as pessoas estarem cá de férias e os residentes. Há que alargar e estender um bocadinho os horários (...).

Ao nível do alojamento?
O alojamento local tem crescido exponencialmente na cidade. É um opção às cadeias hoteleiras, mas abre um precedente relativamente à habitação, e este tema terá que ser revisto pela autarquia. Há uma lacuna muito grande no arrendamento e pode haver um plano de regeneração urbana com apoios e parcerias público-privadas. Deve haver uma atenção muito especial neste sentido.

O seu programa eleitoral defende apoios ao arrendamento jovem. Qual é a sua ideia: trazer mais jovens para cidade ou fixar estas pessoas nas suas freguesias de origem, evitando assim, por exemplo, a diversificação da costa norte do concelho?
Estes dois pontos são muito importantes. Não deixar que a cidade morra, ou seja, uma cidade sem pessoas, é uma cidade sem vida. Atualmente, a maioria das pessoas que vive no centro da cidade são idosas e temos uma quantidade de prédios devolutos. Os licenciamentos são caros, entre outras questões, afastam as pessoas do centro da cidade. Também é importante manter as pessoas a viver no local onde nasceram...

Falemos agora da recolha e gestão de resíduos. Como avalia o atual sistema de recolha seletiva no concelho de Ponta Delgada?
É das questões que está pior no concelho. Existe atualmente uma recolha seletiva de porta a porta que não funciona. Temos apenas uma por vez por semana a recolha de plástico, a de cartão e de vidro é inexistente. Os recipientes do lixo devem ser alterados para ilhas subterrâneas, e principalmente haver uma recolha mais intensiva, dado o aumento do turismo no concelho. É preciso haver também uma sensibilização relativamente às quantidades de lixo a ser reciclado. Quanto maior o lixo reciclado, menor será o lixo urbano.

Qual é a sua posição sobre o processo da incineração?
A incineração acaba por ser um mal necessário. As pessoas produzem lixo e tem de haver uma solução. O aterro sanitário está lotado e é preciso haver uma solução para o depósito de lixo. Desde que não seja sobredimensionada e cumpra os estudos de impacte ambiental e as questões de saúde pública, deverá avançar.

A dívida do município à banca diminuiu de 20 milhões de euros em 2012 para 9,4 milhões de euros em 2016, segundo o atual presidente José Manuel Bolieiro. Esta é uma questão que a preocupa, enquanto candidata?
É uma mais-valia a dívida ter baixado, mas não nos podemos esquecer que o PSD já está há 20 anos na Câmara. Esta dívida foi contraída pelo próprio partido e o atual presidente da Câmara foi vice da Dr.ª Berta Cabral. Houve um esforço relativamente aos valores, muito por não terem feito obras no último mandato.

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