Autor: Lusa/AO Online
Mariana Rocha, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), afirmou à agência Lusa que a fábrica “está a despedir trabalhadores”, estando reduzida a 10 operários dos 60 com que iniciou a laboração em maio de 2016, no distrito de Leiria.
O vínculo laboral terminou na sexta-feira para os últimos trabalhadores a receber cartas de rescisão.
Contactada pela agência Lusa, a empresa não prestou quaisquer esclarecimentos até agora.
“Os trabalhadores que lá se mantêm estão sem trabalho, pelo que a empresa fica praticamente inativa, e não há motivo para uma empresa nova estar sem laborar e sem produzir”, acrescentou a dirigente sindical.
O SINTAB admite avançar com uma queixa ao Ministério da Economia e à Comissão Europeia contra a empresa, que em 2015 recebeu 2,9 milhões de euros de fundos comunitários do Programa Operacional das Pescas PROMAR (2007-2013).
A nova fábrica, um investimento de sete milhões de euros, veio a ser inaugurada em maio de 2016.
“A empresa tem de estar a laborar durante cinco anos, mas, estando a despedir trabalhadores e sem laborar, poderá ter de devolver o dinheiro do financiamento”, alertou Mariana Rocha.
O SINTAB teme que o grupo Cofaco avance em Peniche para uma estratégia idêntica à que adotou na Figueira da Foz ou no Algarve, com a venda de fábricas a outros acionistas.
“É um bom negócio receber 50% de fundos comunitários para o investimento e, depois, vender e receber o dobro do que investiu e, sendo instalações novas, o negócio é apetecível para qualquer investidor”, frisou a dirigente.
No último trimestre de 2017, a empresa despediu também cerca de meia centena de trabalhadores, cujas cartas de despedimento chegaram ao conhecimento do sindicato, a quem os despedidos recorreram para obter apoio judicial.
Contudo, voltou a admiti-los, sem que a maioria tenha chegado a acionar o subsídio de desemprego.
No início de janeiro, a Cofaco anunciou o despedimento da totalidade dos 160 trabalhadores na fábrica da ilha do Pico, nos Açores, e o encerramento da fábrica, prometendo a readmissão no futuro da maioria dos quadros.
A administração da empresa, detentora da marca Bom Petisco, comprometeu-se a integrar os trabalhadores numa nova unidade fabril que irá construir naquela ilha e que deverá estar ativa até janeiro de 2020.