Açoriano Oriental
Coliseu Micaelense é ícone de vivências e memórias
O Coliseu Micaelense de Ponta Delgada inaugurado a 10 de maio de 1917, é "um ícone de vivências e memórias", promovendo o acesso à cultura, num edifício construído em plena I Guerra Mundial.
Coliseu Micaelense é ícone de vivências e memórias

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

"O Coliseu é um ícone de vivências e memórias da sociedade micaelense e da sociedade açoriana no seu todo. Não nos podemos esquecer que estamos a falar de um edifício do início do século XX marcado por um grupo de obreiros que hoje em dia chamamos de empreendedores, que decidiram construir naquela altura pós proclamação da República, em 1910, e em plena Guerra Mundial, um edifício com aquelas características", disse o diretor-geral da casa de espetáculos, Miguel Brilhante.

O Coliseu Micaelense é o segundo mais antigo coliseu em Portugal, mas só em 1950 passou a ter aquela designação, uma vez que foi batizado de Avenida.

Inaugurado a 10 de maio de 1917, o então designado Coliseu Avenida foi construído como réplica do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em plena I Guerra Mundial, na cidade de Ponta Delgada.

Mas, após vários anos de degradação, a Câmara Municipal de Ponta Delgada comprou o edifício, em 2002, e avançou depois com obras de recuperação, tendo reaberto ao público a casa de espetáculos em 2005.

"Com as obras de reabilitação, o Coliseu foi efetivamente devolvido à cidade, à região, e até mesmo em termos nacionais, pois este Coliseu é o segundo construído no pais, é um dos três do país, e tem um carisma e uma posição territorial muito forte em termos nacionais", sublinhou.

Hoje, cem anos após a sua abertura, o Coliseu mantém, segundo Miguel Brilhante, "a missão dos seus obreiros", os empreendedores de agora", e continua a haver uma grande afinidade do público com a casa de espetáculos, destacando o caso dos tradicionais bailes de Carnaval.

"Hoje continua a ser uma casa de gerações, onde cada pessoa tem uma afinidade muito própria com aquela sala de espetáculos e com a programação", sublinhou o diretor-geral.

O Coliseu representa também, nos Açores, "o apogeu da utilização do ferro em plena arquitetura da cidade nos primeiros vinte anos do século XX, quer pelo seu uso aos níveis estruturais e decorativos, que veio substituir o sistema tradicional da construção de alvenaria, quer na extensa conceção dos varandins".

Miguel Brilhante destacou ainda "a obra de armação metálica da grande cúpula, as escadarias, as cadeiras, e os trabalhos de madeira, cujo uso generalizado na construção civil teve o seu ponto de partida nas obras do Coliseu" e "um leque sumptuoso de decoração a cargo de artistas locais" como Ernesto Canto da Maia, escultor, Domingos Rebêlo, pintor, no pano de boca de cena.

O 100.º aniversário do Coliseu é celebrado quarta-feira com "um agradecimento e reconhecimento público, por parte da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a todos aqueles que, nas últimas dez décadas, contribuíram, de diferentes formas e intensidades, para a dinamização cultural da cidade", indicou.

"As comemorações, que só terminam com um evento de Natal a 17 de dezembro, têm primado pela intensidade, pelo reconhecimento e por uma oferta cultural que tem ido ao encontro dos desejos e expetativas das pessoas", referiu, salientando que "em finais de abril a centenária casa já recebeu mais de 22.000 espetadores".

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