Açoriano Oriental
Cofaco, um símbolo açoriano, palco de despedimentos e esperança numa promessa verbal

A conserveira Cofaco, dona de marcas como a Bom Petisco, anunciou no começo de janeiro o despedimento da totalidade dos trabalhadores na fábrica do Pico, prometendo a readmissão no futuro da maioria dos quadros.

Cofaco, um símbolo açoriano, palco de despedimentos e esperança numa promessa verbal

Autor: Lusa/AO Online


Foi através do Sindicato de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores que se soube, em 09 de janeiro, que a administração da conserveira se havia reunido com os trabalhadores da empresa no Pico – que andarão entre os 160 e os 180 – para os informar de que todos seriam despedidos – com direito a indemnização e fundo de desemprego –, deixando a Cofaco de laborar naquela ilha à até construção de uma nova fábrica.

A conserveira já se encontrava sem laborar desde o dia 14 de dezembro de 2017, altura em que os trabalhadores – sobretudo mulheres - foram para as férias do Natal sem qualquer informação sobre o seu futuro.

Com efeito, testemunhou a agência Lusa no local, atualmente apenas meia dúzia de pessoas operam na fábrica, nomeadamente na área da manutenção, disse uma das trabalhadoras entretanto despedidas e que não está a trabalhar.

Logo em 09 de janeiro ficou junto dos trabalhadores uma “promessa verbal” de que quando a nova fábrica estiver concluída, o que poderá acontecer “entre 18 meses e dois anos”, a maioria dos quadros seria readmitidos.

“Palavras, leva-as o vento”, reagiu então um dirigente sindical, embora demonstrando esperança na administração da Cofaco.

Economicamente, a empresa é vital para a ilha do Pico, afetando até 500 pessoas entre postos direto de trabalho e indiretos, e politicamente foram também amplas as reações ao anúncio do despedimento em massa.

O Governo Regional dos Açores, disse o seu presidente, Vasco Cordeiro, está a acompanhar a situação e preocupado com o cenário de despedimentos, mas "não se pode substituir" à empresa privada.

Tal posição mereceu críticas do principal partido da oposição, o PSD: “Não podem os poderes públicos lavar as mãos desta situação. Não se pode dizer que isso tem a ver só com a empresa Cofaco porque, se assim fosse, não se tinham feito as intervenções que se fizeram noutras empresas”, declarou o líder do PSD/Açores, Duarte Freitas.

A questão dos apoios públicos à Cofaco, nomeadamente por via de fundos comunitários, mereceu também reparos de vários partidos, que pedem a defesa absoluta dos postos de trabalho e advogam que tal deve ser uma condição indispensável para futuros apoios à conserveira.

O parlamento açoriano, entretanto, aprovou por unanimidade quatro propostas, apresentadas por CDS e PPM (proposta conjunta), PS, BE e PCP, para que sejam salvaguardados os postos de trabalho dos funcionários da conserveira.

Foi precisamente junto ao parlamento dos Açores, na ilha do Faial, a 30 minutos de barco do Pico, que dezenas de trabalhadoras da Cofaco se deslocaram na passada quarta-feira. À chegada, tinham à espera o líder da CGTP, com quem se manifestaram na defesa dos postos de trabalho.

Arménio Carlos definiu na altura à agência Lusa como "nebuloso" o processo de despedimentos em curso, dizendo que a administração da empresa tem de dar a cara e que é preciso "responsabilidade" nas ações.

A fábrica Cofaco, no concelho da Madalena, vai manter os trabalhadores até abril, altura em que arrancam as obras para a construção da nova unidade industrial.

Os trabalhadores da fábrica da empresa na ilha de São Miguel, em Rabo de Peixe, admitiram já partir para a greve em solidariedade com os colegas do Pico.

A administração da conserveira tem mantido o silêncio sobre o tema.


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