Açoriano Oriental
Cerca de 250 automobilistas protestam contra proibição de circulação em Lisboa
Cerca de duas centenas e meia de automobilistas participaram hoje na marcha lenta de protesto contra à proibição de circulação de veículos anteriores ao ano de 2000, no centro de Lisboa, imposta pela Câmara Municipal por questões ambientais.
Cerca de 250 automobilistas protestam contra proibição de circulação em Lisboa

Autor: Lusa/AO Online

Desde 15 de janeiro que a autarquia liderada por António Costa (PS) proibiu os automóveis com matrículas anteriores a 2000 de circularem, entre as 07:00 e as 21:00, nos dias úteis, na baixa de Lisboa e na zona ribeirinha da cidade, devido à emissão de poluentes.

“A Câmara excedeu tudo aquilo que é razoável na discriminação das pessoas, com base na sua capacidade económica de poderem ou de não poderem ter um carro mais recente. Estamos a falar de carros anteriores a 2000, que constituem uma parte muito significativa do parque automóvel português”, criticou Tiago Nunes, que organizou o protesto através das redes sociais.

Em declarações à agência Lusa, no Parque Eduardo VII, local de partida da marcha, o jovem disse esperar que a adesão dos cerca de “200 a 250” automobilistas sirva para demonstrar o descontentamento da população face à decisão do município, a qual, segundo o próprio, impede quem não tem condições para comprar um carro novo de se deslocar ao centro da cidade.

“Pretendemos que a Câmara revogue esta medida e que faça uma discussão séria sobre aquilo que poderá efetivamente reduzir a poluição em Lisboa”, apelou Tiago Nunes.

A marcha, que contou também com viaturas clássicas e pré-clássicas, saiu do Parque Eduardo VII, passou pela Avenida da Liberdade, rumou à baixa da cidade e regressou ao Parque Eduardo VII, sempre acompanhada por elementos da polícia que orientaram o trânsito nos cerca de 45 minutos do protesto, durante o qual as viaturas foram buzinando.

“Se vamos com os carros à inspeção, ficam aprovados, e depois não podem entrar na baixa de Lisboa, acho que está mal. O senhor Costa [presidente da Câmara de Lisboa] não está a ver bem as coisas. Devia de ver que nem todas as pessoas têm dinheiro para comprar um carro novo”, afirmou Rui Cóias, à passagem da caravana pelo Marquês de Pombal.

No capô de uma das viaturas estava escrito a caneta de filtro a mensagem: “Inspeção +selo +seguro +ano do carro = velho de mais”.

No interior de um outro automóvel estava uma folha A4 onde se podia ler: “Querem reduzir a poluição? Limpem a frota da CML [Câmara Municipal de Lisboa] e dos autocarros”.

Luís Caracoleiro fez questão de se deslocar de Caneças, Odivelas, para marcar presença na iniciativa. Proprietário de vários automóveis antigos, o estofador diz que “não tem dinheiro para carros novos”, por isso tem de manter os antigos, que estão agora impedidos de circularem no centro de Lisboa.

“Este senhor [António Costa] que veio agora para a Câmara tem a mania que é dono disto. Acho que ele está a fazer muito mal. Pelo menos deixe a malta andar à vontade, que a gente paga os impostos. A gente vai à inspeção com o carro, se o carro for à inspeção B, que ainda é mais rigorosa que as outras, e o carro está aqui todo legal”, salientou Luís Caracoleiro.

Os participantes na marcha lenta aprovaram uma moção, na qual defendem, entre outras medidas, a anulação da limitação de circulação atualmente em vigor e a realização de mais ações de protesto até à anulação dessa limitação aplicada a 15 de janeiro.

As restrições à circulação automóvel nas Zonas de Emissões Reduzidas (ZER) de Lisboa não pretendem excluir veículos, mas cumprir as normas europeias da qualidade do ar, afirmou, nesse dia, o diretor municipal de Mobilidade e Transportes, Tiago Farias.

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