Açoriano Oriental
Centenas de pessoas abraçaram a Casa da Música, no Porto, contra cortes do Governo
Centenas de pessoas envolveram hoje num longo abraço a Casa da Música, no Porto, em protesto contra o corte de 30% imposto pelo Governo que já levou à demissão em bloco do conselho de administração da instituição.

Autor: LUSA/AOnline

“A Casa é nossa” e “Vamos dar a mão, só falta um milhão” foram algumas das palavras de ordem que se ouviram depois de concluído o enlace humano bem alargado ao imponente edifício desenhado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas junto à rotunda da Boavista, no Porto, Portugal.

Os coordenadores do Bloco de Esquerda João Semedo e Catarina Martins, o candidato do PS à Câmara do Porto, Manuel Pizarro, o subdiretor do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, João Fernandes, e António Jorge Pacheco, diretor artístico da Casa da Música, foram algumas das personalidades que marcaram presença no protesto convocado por um grupo de cidadãos que já lançou, na internet, a petição “Um abraço pela Casa da Música”.

Entre todos, mais do que críticas e reivindicações, esteve a convicção de que é possível reverter o corte de 30% e manter o acordo, feito com a instituição em abril, de cortar apenas em 20% o financiamento da instituição.

“Se o povo acabou com a Taxa Social Única (TSU), também pode acabar com este corte no orçamento da Casa da Música”, alertou João Semedo, um dos coordenadores do Bloco de Esquerda.

“Este é um abraço à dimensão da Casa da Música. É uma demonstração de força e determinação” para não deixar “que a cultura seja o pior parente pobre” da situação “dramática” que o país atravessa, vincou.

“O Porto não se vai calar. O Porto vai fazer com que o Governo recue nesta decisão e cumpra o compromisso assumido com a Casa da Música”, assegurou Manuel Pizarro, deputado socialista e candidato do PS à autarquia portuense.

“Hoje é o Cartão amarelo. É bom que primeiro-ministro, que é o ministro da Cultura, veja bem a quantidade de pessoas que se juntaram numa tarde fria, entre o Natal e o Ano Novo, para mostrar a sua indignação”, afirmou.

Já para António Jorge Pacheco, diretor artístico da Casa da Música, “nunca é tarde para tomar uma boa decisão”.

Alertando que o que está em causa é mais do que a programação da instituição, o responsável disse estar “otimista”, convencido de que o corte de 30% é apenas “uma proposta de corte” e de que ainda “há tempo e espaço para se tomar uma boa decisão”.

João Fernandes, ex-diretor do Museu de Serralves que em novembro tomou posse como subdiretor do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid (Espanha), “espetador da Casa da Música”, também participou no cordão humano de protesto contra os “cortes imprevistos” para o equipamento cultural.

“As instituições culturais precisam de antecedência para preparar o seu trabalho, e ela não pode ser curto-circuitada por cortes inesperados e posta em causa por terramotos imprevistos”, alertou.

Todos os membros do Conselho de Administração (CA) da Casa da Música apresentaram a 18 de dezembro ao Conselho de Fundadores a renúncia aos respetivos mandatos, devido aos cortes de 30% impostos pelo Governo para 2013 nas transferências de verbas para a Fundação, considerando que “deixaram de estar reunidas as condições” que garantiam “o sucesso” da instituição”.

A administração demissionária alertou em comunicado que, em abril, tinha sido acordada com o Governo uma redução de 20% no “financiamento inicialmente assegurado de 10 milhões de euros” e que, em novembro, em reunião do Conselho de Fundadores, “o Estado deu a entender que o CA não teria sido prudente em avançar com a execução do plano de atividades em 2012 e com a preparação do ano de 2013 apenas com base na palavra do anterior Secretário de Estado da Cultura”.

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