Açoriano Oriental
Centenas de civis morrem em Mossul por seguir conselho de Governo do Iraque
Centenas de civis morreram em bombardeamento no interior das suas casas ou em refúgios depois de o Governo do Iraque lhes ter pedido para não fugirem durante a ofensiva na cidade de Mossul, denunciou hoje a Amnistia Internacional.
Centenas de civis morrem em Mossul por seguir conselho de Governo do Iraque

Autor: Lusa/AO Online

Testemunhas e sobreviventes que residem a este de Mossul, norte do Iraque, zona reconquistada ao grupo extremista Estado Islâmico no final de janeiro, asseguraram à Amnistia Internacional (AI), que receberam instruções das autoridades iraquianas para ficarem em casa e não fugirem.

“As provas reunidas a este de Mossul mostram uma pauta constante e alarmante de ataques aéreos da coligação, liderada pelos Estados Unidos, que destruíram casas inteiras com famílias que se encontravam no seu interior”, assegurou a conselheira de resposta a crises da AI, Donatella Rovera.

Waad Ahmed al Tai, residente do bairro de al Zahra, a este de Mossul, é um dos civis que seguiu os conselhos do Governo iraquianos.

“Seguimos as instruções do Governo, que nos disse para ficarmos em casa e evitarmos fugir”, relatou aquele cidadão.

Segundo a AI, as “forças da coligação não tomaram as precauções adequadas para prevenir as mortes de civis, violando o direito internacional humanitário”, o que a organização qualificou de “crimes de guerra”.

O comunicado da AI faz referência ao bombardeamento relacionado com a aviação norte-americana lançado a 25 de março, durante o qual morreram pelo menos 150 pessoas.

“O Governo iraquiano e a coligação devem investigar de imediato e de forma independente e imparcial o terrível número de baixas civis durante a ofensiva de Mossul”, sublinha.

Em muitos dos casos investigados pela AI, onde civis morreram devido aos ataques aéreos da coligação, os residentes e vizinhos que sobreviveram disseram que os combatentes do grupo extremista Estado Islâmico estavam presentes na zona das casas, geralmente no telhado ou nos jardins.

“O [grupo radical] Estado Islâmico recorre à utilização de civis como escudos humanos. Numa zona residencial densamente povoadas, os riscos para a população civil são enormes”, refere.

No entanto, o que o grupo extremista faz, afirmou Donatella Rovera, “não isenta as forças iraquianas e a coligação da sua obrigação de não lançar ataques desproporcionadas”.

A aviação iraquiana e da coligação internacional realizaram um elevado número de bombardeamentos para as tropas terrestres conseguirem entrar naquela cidade, que foi um dos grandes feudos do grupo extremista Estado Islâmico.

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