Autor: Lusa/AO online
"As coisas são perfeitamente conciliáveis e a intervenção política do PCP não se reduz apenas à intervenção institucional, à intervenção parlamentar. Nem o trabalho político do PCP se esgota nas eleições, nem no trabalho institucional. Portanto, há um espaço para o trabalho institucional e há o espaço de intervenção política quotidiana que o PCP tem", afirmou Aníbal Pires, que nas eleições regionais de dia 16 não conseguiu a sua reeleição como deputado.
O coordenador regional da CDU falava em Ponta Delgada, numa conferência de imprensa para apresentar as conclusões da mais recente reunião da Direção Regional do PCP/Açores (DORAA), no sábado, em que foram analisados os resultados do sufrágio.
O PS conquistou este mês nova maioria absoluta nas eleições dos Açores, ao conseguir eleger 30 deputados do total de 57 parlamentares da Assembleia Legislativa Regional.
O PSD conquistou 19 deputados, o CDS-PP quatro, o BE dois e o PCP-PEV e o PPM um deputado cada.
A abstenção atingiu 59,16%, um recorde em eleições regionais nos Açores. Em 2012, não foram às urnas 52,12% dos eleitores.
Comentado estes resultados, o coordenador da CDU/Açores apontou o facto de se ter registado "a significativa perda de nove mil votos e a perda de um mandato pelo PS", apesar dos "longos anos no poder, da criação de uma vasta rede de dependências e das práticas sistemáticas de caciquismo e pressão política, apesar das múltiplas situações de abuso de poder, utilizando os meios públicos para fins eleitorais".
Sobre "a fraca participação eleitoral", Aníbal Pires referiu que reflete a "deceção dos eleitores com o sistemático incumprimento de compromissos, as campanhas e promessas demagógicas" e uma aparente falta de alternativas que, no seu entender, é fomentada pela ideia de que as eleições servem apenas para eleger o presidente do Governo Regional.
"Esta falsa noção, que PS e PSD se esforçam por propagar e que a comunicação social difunde acriticamente, está na raiz da opção abstencionista de muitos açorianos. Assim, PS e PSD incentivam e estimulam a abstenção, de que são os principais responsáveis e os principais beneficiários", afirmou.
O comunista reiterou que os resultados ficaram aquém dos objetivos da coligação, mas salientou o facto de ter sido possível manter a representação parlamentar, sublinhando que "estão asseguradas as condições para a CDU continuar a luta por um projeto de futuro para os Açores de forma ainda mais determinada e empenhada no plano institucional e politico".
"Importa salientar o crescimento da CDU, quer em percentagem, quer em número absoluto de votos, que é um reflexo da intensa atividade política e institucional da CDU e representa a renovação ampliada da confiança que os açorianos depositam no seu projeto", acrescentou.
Aníbal Pires destacou ainda a eleição do deputado da CDU João Paulo Corvelo, pela ilha das Flores, e desvalorizou o facto de não ter conseguido a sua reeleição como deputado.
"Essa situação não é nova, tivemos durante 16 anos um deputado que não era o coordenador", sustentou Aníbal Pires, que em novembro regressa ao ensino.