Açoriano Oriental
Cavaco defende reflexão sobre desafios do futuro que não se esgotam numa legislatura
O Presidente da República pediu hoje uma "reflexão séria e serena" sobre os desafios que Portugal terá de enfrentar no futuro e que não se esgotam no horizonte de uma legislatura, pedindo medidas concretas, nomeadamente para os jovens.

Autor: Lusa/AO Online

"Ao comemorar o 25 de Abril na Assembleia da República, num ano em que termina a presente legislatura e em que outra se iniciará, devemos pensar o futuro de Portugal, fazendo uma reflexão séria e serena sobre os grandes desafios que o País terá de enfrentar", defendeu Cavaco Silva, naquele que foi o seu último discurso enquanto chefe de Estado da sessão solene das comemorações da Revolução dos Cravos.

Contudo, acrescentou, apesar da "nova fase da vida nacional" que se vive, já com a economia a dar sinais de crescimento e criação de emprego e as contas públicas equilibradas, Portugal continua a enfrentar desafios de médio e longo prazo que não se esgotam no horizonte temporal de uma legislatura, sendo essencial "medidas concretas a pensar no futuro" para construir um país mais justo e desenvolvido.

Reconhecendo que o controlo da despesa pública, o endividamento do Estado e a competitividade da economia continuam a ser "decisivos para o futuro", o Presidente da República alertou para a necessidade dos agentes políticos terem "a consciência clara" de que devem mobilizar os portugueses para estes desafios, caso contrário de pouco valerão os sacrifícios feitos e que, "em muitos casos, deram azo a situações dramáticas, algumas das quais ainda hoje se mantêm".

"Pensar o futuro de Portugal significa, antes de mais, proceder ao diagnóstico dos nossos problemas de fundo e apontar linhas de rumo que devem ser assumidas pelas diversas forças políticas", advogou, destacando a quebra da natalidade e o envelhecimento da população como problemas como graves que Portugal enfrenta.

"O envelhecimento populacional não só reduz o crescimento potencial da economia como aumenta a pressão sobre as contas públicas, através das despesas de pensões e de saúde. Mais grave ainda, o facto de cada vez nascerem menos crianças significa que, no futuro, teremos menos jovens empreendedores, menos cidadãos ativos e criativos, menos trabalhadores qualificados", referiu, insistindo na "urgência em promover uma estratégia de aumento da natalidade".

Além disso, acrescentou, "é essencial fomentar o regresso daqueles que, em resultado da crise económica e financeira, decidiram partir rumo ao estrangeiro", a maioria dos quais jovens altamente qualificados.

Por outro lado, continuou, muitos dos jovens que permanecem em Portugal não têm emprego e, perante, um futuro incerto são forçados a adiar as suas opções de vida.

"Portugal, que enfrenta já um grave problema de natalidade, está, assim, a desperdiçar um outro ativo fundamental, os seus jovens", lamentou, preconizando uma estratégia para a criação de emprego qualificado.

A menos de seis meses das próximas eleições legislativas, o Presidente da República deixou ainda ‘pistas' sobre alguns dos grande desafios que devem mobilizar a Assembleia da República na próxima legislatura, como "a excelência na educação, o desenvolvimento de competências ao longo da vida e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde".

"Somos ambiciosos, queremos um futuro melhor. Ambicionamos um Portugal mais justo, uma economia mais dinâmica e competitiva, uma educação de excelência e um Serviço Nacional de Saúde sustentável e de qualidade", disse, notando que o futuro do Serviço Nacional de Saúde português não pode ser encarado apenas na sua dimensão financeira, porque o investimento na saúde é acima de tudo, "um imperativo de justiça e de salvaguarda da dignidade humana".

A menos de um ano da conclusão do seu segundo mandato, Cavaco Silva congratulou-se ainda pelo tema da "estratégia nacional para o mar" ter entrado definitivamente na agenda política, mas deixou um desejo para a próxima legislatura: "a adoção de uma governação verdadeiramente integrada dos assuntos do mar", assegurando uma articulação eficiente de todos os assuntos do mar, independentemente da tutela governativa em que se situem, de modo a garantir a realização da estratégia definida para o setor.

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