Autor: Lusa/AO Online
“A cultura republicana de responsabilidade exige rigor, bom senso, ponderação e contenção verbal, não se compadecendo com intervenções arrebatadas na praça pública, com palavras que são ditas sem se pensar nas consequências que têm para a dignidade das instituições”, afirmou o chefe de Estado, numa intervenção nas cerimónias de comemoração do Centenário da República.
Repetindo a palavra responsabilidade por diversas vezes ao longo da sua intervenção, Cavaco Silva classificou-a como um dos “alicerces básicos” da vida coletiva de uma nação, considerando que, “todos sem exceção são chamados a agir com sentido de responsabilidade”, ainda que tal não seja “sinónimo de unanimidade” e que “num país livre cada um pode escolher o seu caminho”.
Contudo, notou, “é dos titulares de cargos públicos que mais se exige quanto a uma “ética de responsabilidade”, devendo agentes políticos, altos dirigentes ou magistrados pautar a sua ação por “critérios muito rigorosos”.
Antes de mais, continuou o Presidente da República, devem conhecer as realidades, estudar os assuntos e ter um conhecimento adequado da realidade.
“Além disso, devem estar conscientes de que são referências para a sociedade. Os seus actos, e até as suas palavras, tanto podem gerar confiança e ânimo, como podem contribuir para o descrédito das instituições”, alertou o Presidente da República.
Falando perante as principais figuras do Estado português, nomeadamente o primeiro ministro e o presidente da Assembleia da República, Cavaco Silva reconheceu que o chefe de Estado, “em particular”, deve manter um “especial cuidado no uso da palavra”, porque “a coesão nacional” é um dos “bens mais preciosos que Portugal possui”.
“Um Presidente da República não pode alimentar divisões. A responsabilidade primordial de um Presidente da República é unir os portugueses, em vez de impor a sua visão do mundo a uma parcela do país”, salientou.
Ainda relativamente ao “requisito cívico de responsabilidade”, Cavaco Silva destacou igualmente as “exigências especiais” que recaem sobre a comunicação social, dado o papel de relevo que ocupa na sociedade.
“Informa os cidadãos mas, além disso, forma a sua opinião. Para ser responsável, tem de ser livre. Mas, sendo livre e plural, tem o especial dever de informar com isenção, objectividade e com rigor”, sustentou.
Cavaco Silva deixou também uma nota sobre a “responsabilidade social das empresas”, defendendo a necessidade de um particular cuidado na gestão por parte dos agentes económicos.
Contudo, acrescentou, os trabalhadores e os seus representantes também devem partilhar desta “atitude cívica republicana”.