Açoriano Oriental
Casa Manoel de Oliveira vendida por 1,58ME mas desconhece-se destino
O edifício idealizado há duas décadas para acolher o espólio do cineasta Manoel de Oliveira foi hoje vendido por 1,58 milhões de euros pela câmara do Porto numa segunda hasta pública depois da primeira, em 2014, ter ficado deserta.

Autor: Lusa/AO Online

 

O imóvel da Foz foi adjudicado provisoriamente à Supreme Tresures, Lda., cujo representante, o advogado Diogo Duarte Campos, não quis adiantar aos jornalistas quaisquer pormenores do negócio, invocando "dever de sigilo profissional".

Questionado sobre o destino a dar ao espaço conhecido por Casa Manoel de Oliveira e desenhado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura, Diogo Duarte Campos, nada clarificou.

Para o presidente da autarquia do Porto, Rui Moreira, a venda da casa é "mais do que um alívio" porque "existia uma preocupação grande" por esta estar "ao abandono", pelo que "além do interesse monetário" da venda, também é resolvido "um problema de reabilitação".

"É uma casa da autoria de Souto Moura portanto tem desde logo um impacto relevante na cidade do ponto de vista arquitetónico e era um ativo que estava perdido porque o uso para que foi concebido nunca foi concretizado e não foi com certeza por culpa da câmara municipal", disse o autarca.

Rui Moreira também disse desconhecer o futuro do imóvel mas essa situação não preocupa do autarca uma vez que por ser uma casa "de autor", qualquer finalidade dessa mesma casa tem de ter a aprovação do arquiteto responsável.

Questionado sobre se tem alguma preferência para o espaço, o presidente da câmara do Porto admitiu que gostaria que lhe fosse dada "componente cultural", sendo "o mais importante é que seja utilizado".

Nesta segunda vez o valor base de licitação envolvia o conjunto das duas frações do imóvel (habitação e equipamento cultural), em vez de diferenciar um montante para cada uma, como tinha acontecido antes.

De acordo com informação da câmara, trata-se de um edifício de 160 metros quadrados de área coberta distribuídos por uma cave, rés-do-chão e primeiro piso, e 1.800 metros quadrados de "área descoberta".

A isto soma-se uma segunda fração, também com entrada pelas ruas Viana de Lima e de Bartolomeu Velho, composta por "cave, entrepiso, rés-do-chão e dois pisos", com 98 metros quadrados de área coberta e 152 metros quadrados de área descoberta.

Em novembro de 2013, a Fundação de Serralves tinha assinado um protocolo com a família de Manoel de Oliveira para instalar o espólio do cineasta no extremo nordeste do Parque de Serralves.

A Casa Manoel de Oliveira foi lançada em 1998, sem que tivesse sido formalizado um acordo com o realizador para o uso da casa, o que acabaria por condicionar o futuro do imóvel que ficou concluído em 2003 mas nunca teve o uso para que foi pensado.

Em 2007, o advogado do cineasta responsabilizou a Câmara, liderada pelo social-democrata Rui Rio, pelo fracasso da criação da casa-museu.

Cerca de quatro anos depois, o filho do realizador, José Manuel Oliveira, informou que se tinha gorado, por falta de acordo, a hipótese de transferência do acervo para o edifício, notando que a conduta da autarquia tinha levado o cineasta a não aceitar a "Chave da Cidade".

 

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados