O imóvel foi reconstruído e recuperado pela Câmara Municipal local, através de um projeto do arquiteto Maia Gomes, num investimento que rondou os 500 mil euros.

O objetivo desta intervenção insere-se numa política municipal que visa “realçar o património potenciando os criativos locais", explicou Mário Almeida, acrescentando que "Vila do Conde foi enriquecida com a presença de Antero de Quental”, porque foi nesta cidade que o escritor “viveu os momentos mais felizes da sua vida".

Além disso, o autarca recorda que Vila do Conde é uma cidade "intimamente ligada à literatura, às artes e à pintura", através de pessoas que "por cá passaram, viveram ou nasceram e viram este local como fonte de inspiração".

Nomes como José Régio, Ruy Belo e, mais recentemente, Valter Hugo Mãe provam que "Vila do Conde é uma terra de tradição literária", apontou.

A intervenção na casa, situada no coração da cidade e junto ao largo que tem o nome do escritor, foi complicada, porque o imóvel teve que ser demolido e reconstruído. É que, há muitos anos, tinha sido alvo de "uma intervenção que o descaracterizou e, quando a Câmara o adquiriu, quis aproximá-lo, o mais possível, ao que era à época de Antero", explicou ainda o autarca, avançando que a casa terá espaços de exposição, um pequeno auditório e uma biblioteca.

O imóvel inclui uma torre, sendo que o acesso é feito através de uma escada, em espiral, que termina numa janela com vista para o núcleo antigo da cidade.

A espiral tem a forma de estante e ali ficarão arquivados milhares de livros.

Assim, "tudo o que diga respeito a Antero, e que está um pouco disperso, estará reunido neste local", assim como o espólio de outros escritores da geração de 70 que passaram por Vila do Conde, referiu ainda Mário Almeida.

As portas da casa de Antero de Quental abrem esta terça-feira. A casa poderá ser visitada e sentida como um dos locais de eleição de Antero de Quental que, por aconselhamento médico, viu Vila do Conde cruzar-se na sua vida.

Depois, o escritor partiu, em maio de 1891, para os Açores e, cinco meses depois, pôs termo à vida com dois tiros.