Açoriano Oriental
Cáritas faz balanço positivo do apoio social e aposta na reconstrução
O presidente da Cáritas de Coimbra, Luís Costa, fez um "balanço positivo" de duas semanas de intervenção nos concelhos afetados pelos incêndios e defendeu que, passada a fase de emergência, é necessário avançar com a reconstrução.

Autor: Lusa

 

Desde 19 de junho, dois dias após a eclosão do fogo na povoação de Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, o trabalho da Cáritas Diocesana na Castanheira de Pera, em articulação com a Câmara Municipal, "tem corrido bem", disse o padre Luís Costa à agência Lusa.

Na Castanheira, cuja autarquia é presidida pelo socialista Fernando Lopes, essa cooperação com a Cáritas está "muito bem organizada".

Já no município de Pedrógão Grande, cujo presidente, Valdemar Alves, eleito há quatro anos pelo PSD, vai recandidatar-se ao cargo nas próximas autárquicas em listas do PS, "tem havido mais dificuldade", lamentou.

Luís Costa admitiu, no entanto, que tais problemas estejam relacionados com o facto de Pedrógão ter sido "mais afetado" pelo fogo de 17 de junho do que o vizinho município da Castanheira de Pera.

"Estamos atados de pés e mãos. Se não for de outra forma, temos de fazer as coisas com a paróquia de Pedrógão Grande", disse.

O trabalho com o município de Pedrógão Grande "está a ser a maior dificuldade", acentuou, para sublinhar que a Cáritas "não faz um trabalho paralelo" e aposta antes na cooperação com as demais entidades que estão no terreno, tanto as autarquias, como misericórdias e outras organizações.

A fase de emergência "termina na terça-feira" e a Cáritas Diocesana de Coimbra "não pode estar eternamente à espera" na fixação de prioridades, designadamente quanto à reconstrução de habitações.

Caso a autarquia persista numa alegada omissão neste campo, "tem de se avançar a partir da paróquia", frisou à Lusa o padre Luís Costa.

"Não consigo definir o que falha em concreto" da parte da Câmara Municipal "para definir prioridades" de intervenção futura, declarou.

No início da terceira semana após a tragédia, em que morreram pelo menos 64 pessoas e mais de 200 ficaram feridas, em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e outros concelhos vizinhos, o dirigente defendeu "que haja facilitação" a fim de a Cáritas "atuar no terreno para a recuperação de casas" ardidas.

Em média, 20 pessoas, entre profissionais e voluntários, têm integrado as equipas da Cáritas mobilizadas para a região, a que se juntam trabalhadores na sede da instituição, em Coimbra.

"Eles têm um comprometimento de mais de 12 horas por dia, no terreno e nas viagens", referiu Luís Costa.

Em comunicado, a Cáritas revelou hoje ter recebido "donativos em numerário que ultrapassam os 900 mil euros para ajudar as populações" afetadas pelos incêndios, em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis e Pampilhosa da Serra.

"São já mais de 120 empresas, instituições, associações e particulares a colaborarem nesta ação, resultando em mais de 41 mil produtos angariados: 6.938 produtos de alimentação, 951 produtos de higiene e limpeza, 12.911 produtos de higiene pessoal, 348 unidades de ração para animais, 571 caixas e sacos de roupa de cama e atoalhados, 2.372 caixas com vestuário, calçado e acessórios, cerca de 400 eletrodomésticos, mobiliário e utensílios de cozinha e mais de 17 mil medicamentos e produtos de enfermagem", segundo a nota.

As pessoas "podem vir e escolher", disse à Lusa Mariana Figueiredo, técnica de serviço social da Cáritas, frisando que a aceitação de roupa e calçado "é muito pessoal".

A terceira semana começa com a entrega de bens à população, hoje e na terça-feira, no Centro Paroquial de Pedrógão Grande, "onde está montada toda a logística para receber as famílias e pessoas afetadas" pelos incêndios, para que possa "ser feita a recolha das suas necessidades no curto e médio prazo e para que sejam entregues os bens necessários para o seu dia-a-dia".

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