Açoriano Oriental
Cardeais reunidos no Vaticano exigem saber mais sobre escândalo Vatileaks
Os cardeais católicos exigiram esta segunda-feira mais informações sobre o escândalo "Vatileaks", no início de uma série de encontros no Vaticano, preparatórios do conclave para eleger um novo papa.

Autor: Lusa/AO Online

"Se queremos tomar uma boa decisão, teremos que ter alguma informação sobre isso", disse o cardeal sul-africano Wilfrid Napier aos jornalistas, à margem da primeira congregação de cardeais.

Sobre se a Cúria romana, o governo central da Igreja católica, devia ser reformada, Napier afirmou: "Naturalmente isso também vai ser tema de debate".

Ao sair da primeira sessão da manhã, o cardeal francês Philippe Barbarin considerou que os cardeais "querem saber o que se passa dentro do Vaticano".

Também o cardeal arcebispo de Paris Andre Vingt-Trois expressou a mesma opinião: "Vamos estar aqui esta semana e alguns dias da próxima semana. Levaremos o tempo que for necessário para determinar o tipo de papa de que precisamos".

Centenas de documentos papais confidenciais sobre alegados casos de corrupção e intriga na administração do Vaticano foram divulgados pela imprensa no ano passado, causando um grande embaraço.

Bento XVI, muito respeitado pela mensagem religiosa e coerência, foi criticado por não ter sabido reformar o governo central da Igreja.

O mordomo pessoal de Bento XVI foi condenado no caso, mas alguns observadores afirmam que a conspiração pode ter sido mais alargada e um inquérito, realizado por três cardeais, foi mantido em segredo.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, indicou que não seria realizada uma discussão sobre o 'Vatileaks', mas os cardeais, oriundos de todo o mundo, podiam pedir aos colegas "todas as informações que considerassem necessárias".

As turbulências do Vaticano e, recentemente, as especulações sobre um alegado "lóbi gay" são mal percebidas pelos cardeais no estrangeiro. Na opinião destes prelados, estas questões deformam a imagem de uma Igreja considerada dinâmica e corajosa, confrontada com problemas de sobrevivência.

O cardeal espanhol Carlo Amigo Vallejo desvalorizou o escândalo.

"Fui bispo missionário durante muito tempo e, ao pensar naquelas pequenas comunidades no Norte de África, não creio que se preocupem muito com os nossos pequenos problemas internos", afirmou.

Os 209 cardeais, eleitores (115 anunciados, com menos de 80 anos) ou não, foram convocados pelo cardeal Angelo Sodano, presidente do Colégio cardinalício, para estas "congregações" de preparação do conclave.

Hoje de manhã, 142 estavam presentes, incluídos 103 eleitores, precisou Lombardi. A data do conclave só será conhecida - no final de um voto por maioria absoluta - quando estiverem em Roma todos os cardeais eleitores.

Os nomes mais falados para suceder a Bento XVI são o italiano Angelo Scola, o austríaco Christoph Shonborn, o húngaro Peter Erdo, o norte-americano Sean O'Malley, o canadiano Marc Ouellet, o brasileiro Odilo Scherer, o ganês Peter Turkson e o filipino Luis Antonio Tagle.

A 11 de fevereiro, Bento XVI anunciou a renúncia ao cargo, a partir do dia 28 de fevereiro, devido à "idade avançada".

Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, estando previsto que o conclave para a eleição seja organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice.

O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século XV (1406-1415).

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