Açoriano Oriental
Cardeais realizam últimas congregações antes do conclave
Os cardeais encontraram-se esta segunda-feira nas últimas congregações, antes de se fecharem na terça-feira em conclave para escolher o próximo papa, sem que nenhum candidato pareça conseguir um consenso.
Cardeais realizam últimas congregações antes do conclave

Autor: Lusa/AO Online

Quando as portas da capela Sistina se fecharem na terça-feira à tarde, a primeira votação poderá permitir um distanciamento claro de um candidato entre os principais nomes citados nos últimos dias: o cardeal de Milão Angelo Scola, o de São Paulo Odilo Scherer ou o cardeal do Quebeque Marc Ouellet.

Ou, ao contrário, poderá surgir uma situação de bloqueio, na presença de um número de votos igual, mas insuficiente para atingir a maioria. Neste caso, a eleição poderá estar ao alcance dos ditos "outsiders", como o arcebispo de Boston Sean O'Malley, o cardeal húngaro Peter Erdo, o austríaco Christoph Schonborn, ou mexicano Francesco Robles Ortega.

Para eleger o 266.º papa da história, serão necessários 77 votos, ou seja, dois terços dos votos do colégio de 115 eleitores.

No "pré-conclave", na última semana, os cardeais debateram todo o tipo de questões e tentaram definir o perfil pretendido do futuro papa, mas uma das questões dominantes foi a maneira de melhorar o governo central da Igreja católica.

Esta tarde, pelas 17:00 locais (16:00 em Lisboa), todo o pessoal que assegura o serviço logístico dos padres em conclave, de hoteleria na casa de Santa Marta, onde ficam alojados, e de manutenção da capela Sistina, vai prestar juramento de que vai guardar segredo sobre tudo o que se vai passar no conclave, sob pena de ser excomungado.

Este juramento inclui o secretário do Colégio cardinalício, o responsável pelas celebrações litúrgicas pontifícias, mas também médicos, cozinheiros, motoristas, floristas, funcionários dos elevadores e da limpeza, entre cerca de 90 pessoas.

"Todos os que participem no próximo conclave, sejam eclesiásticos ou laicos, aprovados pelo cardeal camarlengo e pelos três cardeais assistentes, terão que prestar o juramento previsto na Constituição apostólica 'Universi Dominici Gregis' [sobre o período de Sé vacante e a eleição do papa]", de acordo com a convocatória do Gabinete de celebrações litúrgicas.

Cerca de cinco mil representantes dos "media" presentes na praça de São Pedro multiplicam as emissões especiais, fazendo entrevistas entre si e procurando pequenas curiosidades para contar sobre antigos conclaves, à falta de novas informações.

No domingo, os cardeais celebraram missas nas "suas" igrejas de Roma, atribuídas quando foram nomeados cardeais. Em cada uma das celebrações, nada deixaram transparecer sobre os debates mantidos, apesar da insistências dos "media".

Estes são também os últimos momentos de liberdade dos cardeais, antes de entrarem na terça-feira à tarde no conclave e ficarem isolados do mundo exterior, que aproveitaram estes dias para passear e saborear os restaurantes de Roma.

"É difícil não comer bem em Roma", comentou Sean O'Malley.

Na terça-feira, os cardeais eleitores mudam-se para a casa Santa Marta, que vai servir de residência durante todo o conclave.

O cardeal brasileiro Raymundo Damasceno Assis e o mexicano Norberto Rivera Carrera usaram o tempo livre para conhecer a cidade vizinha de Viterbo, onde decorreu no século XIII o mais longo conclave da história da Igreja, 33 meses, e que deu o nome a esta instituição.

Os dois visitaram o imponente palácio pontifício, onde a população fechou à chave ("cum clave", em latim) os cardeais para acelerar a eleição do papa.

O cardeal sul-africano Wilfrid Napier, arcebispo de Durban, que já tinha participado no anterior conclave de 2005 que elegeu Joseph Ratzinger, escolheu a rede social Twitter para explicar o que é este exercício, no século XXI.

"Com o que se parece um conclave? Além de não haver rádio, nem TV, nem jornais, nem telefones, correios eletrónicos ou SMS, Twitter ou Facebook, tudo o resto é normal", escreveu.

"Na casa de Santa Marta não há qualquer ligação (...) falamos, debatemos, aprendemos a conhecer melhor [os outros cardeais]. As refeições representam um momento particular. Descontraímos, contamos histórias sobre as nossas respetivas igrejas, sonhamos o futuro", concluiu.

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