Açoriano Oriental
Greve cancela consultas nos hospitais e centros de saúde dos Açores

A greve dos médicos levou esta terça-feira-feira ao cancelamento de consultas no Hospital de Ponta Delgada, o maior dos Açores, com a tutela a apontar para uma adesão de 30% no serviço regional de saúde.

Greve cancela consultas nos hospitais e centros de saúde dos Açores

Autor: Lusa/AO online

“Não tive consulta de reumatologia. Estava marcada há seis meses, mas foi cancelada por causa da greve”, lamentou Luís Medeiros, à agência Lusa, frisando o transtorno que lhe causou este cancelamento, uma vez que se deslocou de Água Retorta "em vão" para a cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel.

Também João Silva viu a sua consulta "ao coração" ser adiada devido à paralisação dos clínicos.

"Estava à espera da consulta há um ano, agora remarcaram-me para junho", referiu à reportagem da Lusa, enquanto no exterior do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, o utente Luís Dias aguardava pela afilhada na esperança de que esta pudesse ter a consulta programada para hoje.

Também à saída do Centro de Saúde de Ponta Delgada vários utentes garantiram à reportagem da Lusa que acabaram por não ter a consulta devido à greve.

“Não tive consulta. Mas, eles (médicos) estão no seu direito de fazerem greve”, sublinhou Eduarda Ferreira.

Já o utente Carlos Lima acabou por receber tratamento de enfermagem, mas acrescentou que ouviu vários comentários de pessoas com "consultas desmarcadas".

Os médicos iniciaram hoje às 00:00 três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”, uma paralisação convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Segundo dados da secretaria regional da Saúde enviados à Lusa no total a adesão à greve situava-se nos 30% até às 13:00 locais (mais uma hora em Lisboa) no arquipélago.

No caso dos hospitais dos Açores de Ponta Delgada (São Miguel), Angra do Heroísmo (Terceira) e Horta (Faial) a adesão foi de 35% e 22% nos centros de saúde do arquipélago açoriano, acrescentou a tutela.

Os dirigentes sindicais nos Açores garantiram que "das seis salas de cirurgias programadas no Hospital de Ponta Delgada apenas uma estava em funcionamento", esta manhã.

O secretário nos Açores do SIM, André Frazão, referiu que nos Açores uma das reivindicações passa também pela questão dos inventivos para a fixação de "mais médicos" nas ilhas.

"O senhor secretário pode e deve fazer mais, com propostas inovadoras e descolar-se da incapacidade de um mau ministro", sustentou, destacando, no entanto, a disponibilidade do titular pela pasta da Saúde nos Açores para "o diálogo".

A dirigente da FNAM na região Anabela Lopes realçou que a greve "é uma luta pela manietação da qualidade dos serviços", também nos Açores, apontando que os clínicos "também estão desanimados no arquipélago".

"A lista de utentes dos médicos de família é de 1900 utentes para 40 horas de trabalho e isto é um acréscimo grande. E é um grau de exigência muito grande, porque às vezes ficamos além do nosso horário de trabalho e não conseguimos dar resposta a tudo", sustentou.

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação.

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para hoje à tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa.


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