Autor: Lusa/AO Online
Esta oferta do banco catalão, que controla 44,1% do Banco BPI, tem um valor total de 906,5 milhões de euros e está condicionada à eliminação do atual limite dos seus direitos de voto.
Além disso, a OPA só avança caso o oferente consiga comprar mais de 50% do capital do BPI, conforme se lê no anúncio disponibilizado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Esta foi a reação do CaixaBank ao falhanço das negociações com a Santoro Finance controlada pela empresária Isabel dos Santos, para resolver o problema da elevada exposição do banco português a Angola, assumido no domingo pelo Banco BPI.
A imprensa já tinha adiantado no domingo à noite a intenção do grupo financeiro espanhol de avançar com uma OPA voluntária sobre o BPI, e o CaixaBank comunicou essa mesma intenção ao supervisor do mercado espanhol hoje de manhã, antes do arranque da negociação.
Ainda assim, o CaixaBank tinha realçado que só poderia avançar com o anúncio preliminar da operação depois de ter a devida autorização da CMVM.
Isto, porque passou menos de um ano desde o fim da última oferta feita pelo banco catalão para adquirir no mercado as ações do BPI que ainda não controla.
No ano passado, o CaixaBank lançou uma OPA sobre o BPI, que acabou falhada por não ter sido conseguida a desblindagem dos direitos de voto, condição considerada essencial para a operação avançar.
Então, foi oferecido 1,329 euros por cada ação, o que valorizava o banco português em perto de 1,9 mil milhões de euros.
Já na OPA voluntária anunciada hoje, o banco catalão oferece 1,113 euros, ou seja, o BPI é avaliado em 1,6 mil milhões de euros.
Em conferência de analistas, realizada esta manhã, Gonzalo Gortázar, presidente executivo do CaixaBank, afirmou que o preço por ação oferecido hoje, 16% inferior ao de 2015, é "justo".
Gortázar realçou que a direção do Caixabank "tem confiança na operação" e que, desta vez, "funcionará".
"A OPA é a melhor solução" para o BPI, salientou.
O anúncio da OPA surge um dia depois de o banco português ter avisado o mercado de que tinha ficado sem efeito um princípio de acordo entre o Caixabank e o segundo maior acionista do banco, os angolanos da Santoro Finance, sobre o controlo da instituição portuguesa.
O princípio de acordo, anunciado a 10 de abril, visava resolver o problema da elevada exposição do banco português a Angola.
Apesar de o Banco de Fomento Angola (BFA) ter representado no ano passado mais de 50% do lucro do BPI, ou seja, 135,7 milhões de euros de um total de 236,4 milhões, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou em 2014 a alteração da forma de contabilização dos bancos europeus com negócios em Angola, penalizando o capital.
O BPI passou então a ter de reduzir a sua exposição àquele país, mas isso fez vir ao de cima as divergências entre o Caixabank, o principal acionista do BPI - com 44,10% do capital social, apesar de só poder exercer 20% dos votos - e a Santoro, da empresária angolana Isabel dos Santos, que detém 18,58% do capital.