Açoriano Oriental
Cabo Verde quer esforço redobrado para solução negociada na Síria
O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, pediu "esforços redobrados" para uma solução negociada da guerra na Síria, mostrando-se preocupado com a "proliferação de conflitos" que geram milhares de refugiados em África e no Médio Oriente.

Autor: Lusa/AO online

"A situação no Médio Oriente continua a degradar-se sem que os diversos conflitos que varrem a região tenham um final à vista, preocupando-nos as violações dos direitos humanos, protagonizadas pelos intervenientes no conflito Sírio, bem como a barbárie que ocorre nos territórios sobre controlo de fações terroristas e do fundamentalismo religioso", disse José Maria Neves.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, que hoje falava perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, defendeu, por isso, que a organização deve "redobrar esforços com vista à obtenção de uma solução negociada deste conflito".

José Maria Neves, que intervinha nas Nações Unidas pela última vez enquanto chefe do executivo cabo-verdiano, mostrou-se também preocupado com "a proliferação dos conflitos e tensões existentes em África e no Médio Oriente dos quais resultam milhares de refugiados".

Para o primeiro-ministro cabo-verdiano, esta é uma questão que põe "a descoberto um problema que tem raízes e ramificações profundas de cariz económico, social, político, ambiental e humanitário".

"Este problema global dos refugiados, diria este grande problema da Humanidade, requer engajamento consequente de todos", defendeu.

Acrescentou que "Cabo Verde junta a sua voz àqueles que clamam por uma rápida solução dos conflitos com base numa conjugação de esforços e no respeito pelo Direito Internacional".

Desde segunda-feira e até sábado, cerca de 200 chefes de Estado e de Governo participam em Nova Iorque na 70.ª Assembleia Geral das Nações Unidas sob o lema "Nações Unidas aos 70 anos: o caminho para a Paz, Segurança e Direitos Humanos".

José Maria Neves considerou o encontro uma oportunidade para refletir "crítica e consequentemente" sobre "o futuro e os desafios" da organização.

"Reiteramos, como crucial para as novas caminhadas, a importância de continuarmos as reformas da ONU e apelamos a uma negociação construtiva [...] com vista à revitalização dos poderes da Assembleia-Geral e a um entendimento sobre novos figurinos do Conselho de Segurança que, defendemos, possam refletir as mudanças ocorridas no mundo e uma representação mais equitativa e adequada", disse.

O primeiro-ministro que a 25 de setembro falou também em Nova Iorque, no âmbito da reunião de alto nível para adotar os objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030, repetiu os apelos para atenção especial aos pequenos estados insulares.

"Nas especificidades dos pequenos estados insulares, de que Cabo Verde é um caso paradigmático, haverá que considerar alguns elementos essenciais quais sejam a ameaça à sua sobrevivência em virtude das mudanças climáticas; a sua especial vulnerabilidade perante as catástrofes naturais; os riscos de perda da sua biodiversidade; a reduzida dimensão dos seus mercados; os elevados custos de energia e de transportes e as dificuldades de acesso ao financiamento", lembrou.

"Por tudo isso devem merecer uma atenção especial do Sistema das Nações Unidas no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável", disse.

À margem, José Maria Neves manteve ao longo da semana encontros com homólogos de vários países, nomeadamente os lusófonos Timor-Leste e São Tomé e Príncipe.

Dos encontros saiu a possibilidade de José Maria Neves visitar Timor-Leste em novembro e um convite para que o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, visite Cabo Verde, o que deverá acontecer em janeiro.

José Maria Neves reuniu-se ainda com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, com quem discutiu a hipótese de criação, em Cabo Verde, de um centro de coordenação dos pequenos estados insulares lusófonos

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