Açoriano Oriental
Bloco avança com petição para desvincular Portugal do Tratado Orçamental
O Bloco de Esquerda anunciou hoje que estará na rua até março, lançando uma campanha nacional contra a austeridade que se concretizará com a entrega no parlamento de uma petição para desvincular Portugal do Tratado Orçamental.
Bloco avança com petição para desvincular Portugal do Tratado Orçamental

Autor: Lusa/AO Online

Este conjunto de ações políticas foi transmitido no final da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, em conferência de imprensa, em Lisboa, pela porta-voz desta força política, Catarina Martins, que também acusou o Presidente da República, Cavaco Silva, de tentar "condicionar o voto dos portugueses" nas próximas eleições legislativas.

Catarina Martins disse que a petição a favor da desvinculação de Portugal do Tratado Orçamental da União Europeia estará aberta à subscrição e participação de cidadãos de outras forças políticas (como o PCP), a sindicalistas (por exemplo da CGTP-IN), assim como a outras entidades formais ou informais com intervenção cívica, mas fechou a porta ao PS, alegando que os socialistas liderados por António Costa têm dado claros sinais de "indisponibilidade" para entrarem nessa luta.

"Até ao final de março, o Bloco de Esquerda vai estar na rua com iniciativas diversificadas e imaginação, como sempre fez. Nestes três meses teremos ações em todo o país, estando previstos dois grandes comícios em Lisboa e no Porto", assegurou a porta-voz do Bloco.

Além da petição para desvincular Portugal do Tratado Orçamental, Catarina Martins adiantou que a campanha nacional contra a austeridade se irá materializar na apresentação de propostas alternativas concretas, casos das exigências para o acesso à água e à luz por parte dos cidadãos, a recuperação de salários, a defesa dos serviços públicos e do emprego e o acesso à reforma.

"Essas propostas contra a austeridade serão apresentadas em todo o país, numa campanha nacional que procurará chamar pessoas de outras forças, de vários movimentos, para debaterem connosco em cada local ou em cada setor. Faremos a distribuição daquilo que consideramos a pedagogia para a construção da alternativa. Ou seja, assumiremos um compromisso claro sobre cada um dos temas - propostas que serão distribuídas num jornal de alcance nacional com 200 mil exemplares", referiu.

Ainda no que respeita à petição para retirar Portugal do Tratado Orçamental, a porta-voz do Bloco de Esquerda especificou que as assinaturas serão recolhidas em todo o país.

"Estaremos com todos os que entendem que Portugal tem direito à sua autodeterminação e deve poder escolher, não aceitando que esteja obrigado a um tratado que exige que a cada ano que passa sejam cortados mais de seis mil milhões de euros no Orçamento do Estado", apontou.

Em relação ao ano que agora começa, Catarina Martins manifestou-se contra a última intervenção pública de Cavaco Silva sobre a necessidade de negociações entre as diferentes forças políticas do chamado arco da governação.

"Ouvimos o Presidente da República tentar condicionar o ato eleitoral, forçando um entendimento que não permite escolha, como se a divergência na democracia não fosse a escolha mas um risco. O pior risco para a democracia seria se o futuro estivesse escrito, só que não está", contrapôs.

Catarina Martins salientou neste contexto que o Bloco de Esquerda "não aceita que o Presidente da República pretenda condicionar esta liberdade de escolher o futuro em Portugal".

"Rejeitamos todas as chantagens para que Portugal não possa escolher", declarou, mostrando-se em seguida otimista sobre a possibilidade de mudanças importantes políticas a acontecer este ano em países como a Grécia (com o Syriza), Espanha (com o movimento "Podemos") e Irlanda (com o Sinn Fein).

Perante os jornalistas, a responsável reiterou a condenação dos recentes atentados em Paris, mas também atacou a perspetiva de a União Europeia reforçar agora, como resposta, políticas "securitárias".

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados