Açoriano Oriental
Banda rock dá concerto na Coreia do Norte
O grupo esloveno Laibach tornou-se na primeira banda de rock estrangeira a dar um concerto na Coreia do Norte, interpretando temas do filme "Música no Coração" perante um público tímido, segundo a agência France Presse (AFP).

Autor: Lusa/AO online

 

Numa atuação de 45 minutos perante 1.500 pessoas na capital Pyongyang, o grupo tocou músicas como "Edelweiss", "Dó-Ré-Mi" e "As colinas estão vivas", do filme norte-americano muito popular na Coreia do Norte, desviando-se consideravelmente do seu repertório normal.

Os Laibach tocaram ainda a canção "Arirang", considerada a melodia tradicional coreana mais conhecida, com o acompanhamento de um pianista norte-coreano.

Os estrangeiros que assistiram ao evento afirmaram que o público forneceu uma receção acalorada, ainda que ligeiramente calada.

"Eles pareceram gostar", revelou Simon Cockerell, diretor da empresa Koryo Tours, que organizou uma viagem especial para que turistas estrangeiros assistissem ao espetáculo.

"Não era um público a mostrar caras de desconfiança ou confusão", acrescentou.

Foi o primeiro de dois concertos dos Laibach, organizados em comemoração dos 70 anos da libertação da península coreana do colonialismo japonês.

As traduções coreanas das letras das músicas foram projetadas num ecrã por cima do palco.

Excluindo os cerca de 150 estrangeiros, entre diplomatas, membros de organizações não-governamentais e turistas, o público era composto por norte-coreanos.

"É difícil dizer exatamente quem eram, mas não era um grupo de militares em uniforme ou de oficiais importantes", afirmou Simon Cockerell à AFP.

"Todos permaneceram sentados durante todo o tempo, e não houve aplausos ou pessoas a cantar, mas isso é o normal nos concertos aqui", revelou o empresário, que já esteve na Coreia do Norte cerca de 150 vezes.

"Imagino que a maioria não tivesse ideia do que esperar, mas o espetáculo pareceu ser bem recebido", acrescentou.

Fundada em 1980 na antiga Jugoslávia, a banda eslovena mais popular no estrangeiro utiliza de forma controversa simbolismo nacionalista.

Enquanto alguns acusam a banda de ser fascista, outros vêm no grupo uma paródia à ideologia totalitária.

A sua imagem em palco e o seu som gutural fizeram deles uma escolha surpreendente para atuar num dos estados mais isolados do mundo.

A cena musical na Coreia do Norte é limitada a bandas aprovadas pelo estado, a tocar música também aprovada pelo regime.

A agência noticiosa oficial do país elogiou o concerto inédito, notando que "os artistas mostraram bem o talento artístico da banda".

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