Autor: Lusa/AO Online
Os 17 Bancos Alimentares Contra a Fome (BACF) que existem no país voltam a apelar à solidariedade dos portugueses com uma campanha que lembra que "por mais pequena que seja a sua contribuição, muitas pessoas beneficiam da sua ajuda".
Criada em 1992, a instituição ajuda atualmente 275 mil pessoas.
A presidente do BACF, Isabel Jonet, lembrou que com a atual crise as campanhas passaram a ajudar não apenas os desempregados, idosos, crianças e famílias desestruturadas, mas também trabalhadores que não conseguem pagar os empréstimos ou que perderam um dos empregos que tinham.
"No último ano multiplicou-se o número de pessoas que tinham dois empregos e perderam um deles. Estas pessoas não contam para as estatísticas do desemprego, porque efetivamente não estão desempregadas, ainda têm um emprego. Mas têm muitas dificuldades em sobreviver, em fazer esticar o mês", alertou, lembrando que este é "um novo rosto da pobreza em Portugal".
Neste fim de semana, a campanha volta a decorrer em 1388 estabelecimentos comerciais nos moldes tradicionais: voluntários dos Bancos Alimentares Contra a Fome (BACF), devidamente identificados, solicitam a participação do público à entrada das lojas.
Entre os mais de 28 mil voluntários, encontram-se pessoas que também recebem ajuda desta organização e que "sentem que podem ajudar", sublinhou Isabel Jonet.
Os voluntários estão responsáveis pela recolha e transporte dos bens para os armazéns dos dezassete bancos alimentares, que depois os distribuem localmente pelas 1700 institutições de solidariedade social selecionadas.
"Estas campanhas têm essa particularidade: aproximam quem dá de quem recebe. Tudo aquilo que é recolhido em Lisboa é distribuído em Lisboa e tudo aquilo que é recolhido no Porto é distribuído no Porto", lembrou Isabel Jonet, lembrando que "se uma pessoa quiser seguir um pacote de leite até à mesa da pessoa pobre pode fazê-lo".
Em simultâneo com a campanha tradicional de recolha, vai ainda decorrer até 6 de junho a campanha "Ajuda Vale", em todas as lojas das cadeias Dia/Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo/Pão de Açúcar, Lidl, Modelo/Continente, Pingo Doce e Feira Nova.
Nesses estabelecimentos, em vez de sacos de plástico, são disponibilizados vales de produtos selecionados e, através desta nova modalidade, a associação espera "conseguir chegar à quase totalidade das localidades do país".
A campanha deste fim-de-semana ficará ainda assinalada pelo lançamento de uma moeda comemorativa do artista João Duarte.
"A moeda tem um valor de cinco euros e ao comprá-la um euro reverte a favor da luta contra a fome em Portugal", lembrou Isabel Jonet.
Segundo os dados da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, em 2009 mais de 275 mil pessoas receberam ajuda e "só na última campanha, realizada em maio desse ano, foram recolhidas cerca de duas mil toneladas".
No ano passado os quinze Bancos Alimentares Contra a Fome em actividade distribuíram um total de 23 100 toneladas de alimentos, ou seja, "90 toneladas por dia útil", congratulou-se a presidente.