Açoriano Oriental
Austeridade põe em causa viabilidade da Base das Lajes
Assegurar a viabilidade da base aérea norte-americana nas Lajes, Açores, em causa devido a medidas de austeridade orçamental, é missão prioritária para os congressistas luso-americanos, disse à Lusa Jim Costa, candidato ao Congresso pelo partido democrata.
Austeridade põe em causa viabilidade da Base das Lajes

Autor: Lusa/AOOnline

 

"Manteremos a pressão sobre o Departamento de Defesa para assegurar um papel forte e ativo" das forças norte-americanas nas Lajes, afirma o congressista candidato nas eleições de 6 de novembro a um quinto mandato pela Califórnia.

Num encontro no Departamento da Defesa, em Washington no final de fevereiro, o secretário da Defesa, Leon Panetta, informou o homólogo português, José Pedro Aguiar-Branco, da intenção de reduzir a presença na Base das Lajes, no âmbito da revisão da presença militar norte-americana no estrangeiro.

No encontro no Pentágono não foram discutidos números de redução de efetivos, mas apenas o início de um processo de negociações entre equipas norte-americanas e portuguesas, sobre a "modalidade" da reestruturação.

O futuro das Lajes, na ilha Terceira, tem causado apreensão nos Açores, onde pode ter a vir um impacto na economia local.

Ele próprio com raízes nos Açores, Jim Costa foi copresidente do grupo ("caucus") de legisladores lusodescendentes no último Congresso, tendo sido imediatamente iniciados contactos para "tentar manter operações viáveis nas Lajes".

No final de agosto, a campanha do republicano Mitt Romney disse à Lusa que a decisão de redução nas Lajes seria invertida em caso de vitória em novembro contra o democrata Barack Obama, dado que está previsto um reforço das verbas para Defesa.

"Seria um grande revés para as nossas relações bilaterais com Portugal, um grande erro", disse Adolfo Franco, porta-voz da campanha do ex-governador do Massachusetts.

Jim Costa dá pouco crédito a esta promessa, salientando que a decisão não competiria unicamente a uma futura administração Romney, pois depende da apropriação de verbas a aprovar pelo Congresso, em que os democratas são maioria.

"Os políticos a concorrer para cargos públicos fazem muitas declarações", disse à Lusa.

Fontes diplomáticas ouvidas pela Lusa, afirmam que as negociações em torno das Lajes entraram num compasso de espera, sem "pressões" da parte dos norte-americanos para se decidir a dimensão do corte.

Francisco Semião, diretor da organização luso-americana NOPA, afirma ser difícil "imaginar como a redução [nas Lajes] não venha a acontecer, independentemente de quem ganhar".

"Nos últimos dois anos, tem havido uma enorme viragem para medidas de austeridade", disse o responsável da NOPA e gestor hospitalar.

"Com os limites à despesa estabelecidos no último ano e milhares de milhões de cortes agendados para o início de 2013, é difícil imaginar que alguma parte do orçamento seja poupada aos cortes", adiantou.

Fernando Rosa, presidente da associação luso-americana PALCUS, afirmou ter recebido do Departamento de Estado informação de que as negociações vão estar paradas "até passar o período eleitoral".

"Depois disso, a Base, o Consulado [em Ponta Delgada, a encerrar] e outras questões serão resolvidas", disse à Lusa.

"O que está a acontecer com a Base, nos Açores e no resto mundo, é reflexo das questões económicas, não são tanto militares. É importante reduzir o orçamento e eles optaram por reduzir nos Açores e Portugal", adiantou.

A decisão "não está completamente tomada", refere, e "no fundo, as relações [luso-americanas] são excelentes".

Também para conter custos, no final de fevereiro, o Departamento de Estado anunciou que a Embaixada em Lisboa e o consulado-geral em Ponta Delgada vão deixar de emitir vistos de imigração para portugueses, agora a cargo da representação norte-americana em Paris.

O embaixador norte-americano, Allan Katz, afirmou então que a mudança afeta poucas pessoas, dado o baixo nível de emigração portuguesa para o país, resultando da "consolidação de uma série de serviços em todo o mundo, simplesmente porque, como todos os governos", os Estados Unidos estão a "tentar poupar algum dinheiro".

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