Açoriano Oriental
Augusto Santos Silva defende reforço do laço transatlântico perante homólogo dos EUA

O ministro dos Negócios Estrangeiros transmitiu hoje ao seu homólogo norte-americano em Washington que a importância do laço transatlântico deve ser reforçada, “e não diminuída”, apesar das diferenças de posições entre União Europeia e Estados Unidos da América.

Augusto Santos Silva defende reforço do laço transatlântico perante homólogo dos EUA

Autor: Lusa/AO Online

Augusto Santos Silva foi recebido pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, no Departamento de Estado, no primeiro ato de uma visita de cinco dias a Washington, na semana que antecede o encontro entre o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, na Casa Branca.

As relações entre a União Europeia e os EUA foram um dos temas debatidos pelos dois chefes da diplomacia durante o encontro, com o ministro português a reiterar que “independentemente das diferenças de opinião, que são claras hoje, em matérias tão importantes como as alterações climáticas ou o comércio internacional, a aliança entre as democracias da América do Norte e da Europa é absolutamente vital para a ordem internacional”, disse Santos Silva à Lusa, por telefone, após o encontro.

“Portugal defende, como vários outros Estados-membros da União Europeia, que nós devemos insistir agora na importância do laço transatlântico e não desistir desse laço ou diminuir a sua relevância”, referiu.

Na reunião, os dois responsáveis abordaram as relações bilaterais, com o ministro a salientar “dois elementos positivos”.

Por um lado, quanto à Base das Lajes e às medidas de atenuação do impacto ambiental da presença norte-americana na ilha Terceira, Açores, Santos Silva apontou que, com o novo embaixador norte-americano em Lisboa, George Glass, “houve uma mudança positiva no comportamento norte-americano nas negociações”.

Neste momento, descreveu, estão resolvidas “todas as questões relativas aos trabalhadores”, as questões das infraestruturas estão “em vias de resolução” e “tem havido progressos” quanto aos aspetos ligados ao impacto ambiental.

“Reiterámos a nossa intenção de continuar a valorizar os Açores como eixo essencial da cooperação entre Portugal e os Estados Unidos, com o projeto do Air Center e o projeto do Centro de Defesa Atlântica”, disse.

Outro aspeto enaltecido por Santos Silva foi o aumento das trocas comerciais e do investimento entre os dois países.

Além disso, sublinhou, “atualmente 30% do gás natural liquefeito [GNL] exportado dos EUA para a Europa entra pelo porto de Sines”, o que representa “um filão muito grande a nível comercial, económico e de segurança”, porque permite aos países europeus ficarem menos dependentes do gás e petróleo de outros países, “designadamente a Rússia”.

Do ponto de vista internacional, Pompeo prestou ao governante português “informação muito útil” sobre as negociações em curso entre os EUA, a Coreia do Norte e a China.

“Também informei sobre a relação entre Portugal e a China, que também são úteis para os EUA terem uma noção clara do que é essa relação, de qual é o seu alcance e natureza”, acrescentou.

A reunião serviu também para “preparar bem o encontro”, na próxima quarta-feira, entre Marcelo Rebelo de Sousa e Donald Trump na Casa Branca, que culminará a celebração do “Mês de Portugal nos Estados Unidos”, no âmbito do qual foi celebrado o 10 de Junho com as comunidades de Massachusetts e Rhode Island.

Os últimos encontros entre chefes de Estado dos dois países ocorreram aquando da cimeira da NATO em Lisboa, em 2010, quando o ex-Presidente Barack Obama se reuniu com o então Presidente Cavaco Silva, que, no ano seguinte, foi recebido na Casa Branca.

Ainda hoje, Santos Silva reunir-se-á com o conselheiro nacional de segurança, John Bolton, com quem deverá abordar “temas da política externa portuguesa e norte-americana, do ponto de vista sobretudo das questões de segurança”, mas também a NATO, a “posição estratégica dos Açores”, o combate ao terrorismo ou as ameaças à paz e à segurança em vários pontos do mundo.

Os encontros servem para “renovar os contactos” com o secretário de Estado norte-americano e com o conselheiro de segurança, já que Santos Silva já se tinha reunido com os antecessores nos cargos na administração Trump – Rex Tillerson e general H. R. McMaster, respetivamente, que foram entretanto substituídos.

A visita de Santos Silva a Washington prossegue, na sexta-feira, com uma intervenção no seminário da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), sobre o tema “Enduring Alliances”.

No sábado, o chefe da diplomacia portuguesa participa na “Inaugural Portuguese-American National Conference“, em que intervirá o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres.

Já na segunda-feira, marca presença num jantar de trabalho sobre gás natural liquefeito, “com o objetivo de promover Portugal como ‘Hub’ europeu”, segundo nota oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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