Açoriano Oriental
Ativistas antinuclear manifestam-se no início de reunião em Madrid
Uma vintena de ativistas do Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) manifestou-se hoje em Madrid contra a construção de um aterro nuclear na central de Almaraz, frente ao edifício em que os ministros do Ambiente português e espanhola estão reunidos.

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

 

“Estamos contra a construção do aterro nuclear e contra o prolongamento do funcionamento de Almaraz, disse o coordenador do MIA, acrescentando que “as centrais nucleares são um perigo para a população”.

O ministro português do Ambiente, João Matos Fernandes, está reunido desde as 11:30 de Madrid (menos uma hora em Lisboa) com a sua homóloga espanhola, Isabel García Tejerina, e com o ministro da Energia, Álvaro Nadal, nas instalações do ministério do Ambiente na capital espanhola.

Os ativistas do movimento antinuclear tinham cartazes onde se lia “Fechar Almaraz, descansa em paz”, “Por um Tejo vivo” e “Nuclear, não obrigado”.

O Governo português defende que no projeto de um aterro de resíduos junto à central nuclear de Almaraz "não foram avaliados os impactos transfronteiriços", o que está contra as regras europeias.

Fonte da central nuclear de Almaraz assegurou à agência Lusa que a obra de construção do aterro de resíduos ainda não começou e não deverá começar antes que o problema entre os dois países seja resolvido.

De acordo com o Boletim Oficial do Estado (BOE), uma resolução de 14 de dezembro de 2016, da Direção-Geral de Política Energética e Minas, o Governo espanhol "autoriza a execução e montagem da modificação do desenho correspondente ao Armazém Temporário Individualizado da Central Nuclear Almaraz, Unidades I e II".

No texto do BOE, publicado após os pareceres favoráveis por parte do Conselho de Segurança Nuclear (CSN) e da secretaria de Estado do Meio Ambiente, o executivo espanhol autorizou a construção do armazém temporário individualizado (ATI) da central de Almaraz de acordo com as condições impostas pelo CSN espanhol.

O processo para a construção do ATI teve início em 18 de novembro de 2015, quando o diretor-geral das Centrais Nucleares de Almaz-Trillo (CNAT) solicitou a autorização para a construção do armazém de resíduos nucleares, com o objetivo de resolver as necessidades de armazenamento do combustível gasto nos reatores.

A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

A central nuclear de Almaraz tem dois reatores nucleares, cada um com uma “piscina” para guardar o lixo nuclear, prevendo-se que a do “reator 1” alcance o limite da sua capacidade em 2018.

Segundo Almaraz, o ATI a construir vai ser necessário para armazenar qualquer material radioativo, mesmo aquele que resultar da desativação da central em 2020, como está previsto.

Os ambientalistas portugueses desconfiam que a decisão de construção do ATI seja o primeiro passo para prolongar a vida da central para além de 2020.

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