Açoriano Oriental
Associação açoriana sugere instalação de mercado em antiga fábrica do álcool na Lagoa
A associação Amigos do Calhau sugeriu hoje a instalação do novo mercado municipal da Lagoa, nos Açores, na antiga fábrica do álcool, construída em 1882, como forma de travar o estado de degradação do imóvel, simbólico para o concelho.
Associação açoriana sugere instalação de mercado em antiga fábrica do álcool na Lagoa

Autor: Lusa/AO Online

“Por um lado, existe esse edifício que é de reconhecido valor patrimonial e que assume um lugar central no centro urbano, que tem toda uma carga histórica e psicológica das pessoas que ali vivem e muitas delas trabalharam lá. Pensa-se neste momento fazer um mercado e escolhe-se um lugar periférico para o fazer quando existe esta fábrica”, disse à agência Lusa Nuno Malato, arquiteto e membro dos corpos sociais dos Amigos do Calhau.

A fábrica da Sinaga, indústria açucareira, que é propriedade do Governo dos Açores, já não produz álcool há mais de 40 anos, encontrando-se bastante degradada e à venda.

Em agosto a Câmara Municipal da Lagoa anunciou a construção de um mercado municipal, estimado em 1,5 milhões de euros, que deverá ficar localizado na zona do parque tecnológico (NONAGON) do concelho.

“Não será meramente um mercado para venda de produtos frescos. Será também um espaço lúdico, recreativo, com lojas para a venda de produtos locais e espaços para a restauração, onde podem ainda ter lugar eventos culturais”, disse na ocasião a presidente da Câmara, Cristina Decq Mota.

Segundo a autarca, o projeto, que será submetido a fundos comunitários, vai integrar a Rede de Cidades Inteligentes, é inspirado “na história e tradições” do concelho, nomeadamente através de alusões à antiga fábrica do álcool e aos secadores de tabaco, bem como às estufas de ananases.

Para a associação cívica Amigos do Calhau, com sede na ilha de São Miguel, a construção do "mercado na periferia vai desviar o comércio do centro que a própria autarquia quer fomentar".

"Enquanto isto, o verdadeiro edifício patrimonial da fábrica do álcool, com toda uma inevitável inter-relação urbana central, uma carga histórico-psicológica comunitária ainda viva, uma distinção simbólica territorial e com um evidente potencial de revitalização para a função de mercado, com possíveis interligações a outras funções, encontra-se em pleno abandono com a compensatória intenção autárquica de ser classificada apenas a sua chaminé, ou nariz", sustenta um comunicado da associação.

"Não se sabe o que se pensa lá fazer. Sendo um edifício central e com carga simbólica, estamos preocupados com o que irá surgir", alertou.

A Lusa tentou contactar, sem sucesso, contactar a autarquia.

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