Açoriano Oriental
Ano lectivo arranca no Corvo com turmas com apenas dois alunos
Na ilha do Corvo, a mais pequena dos Açores, há turmas apenas com dois alunos e professores que ensinam "um pouco de tudo", mas quem quiser estudar no secundário tem que sair da ilha.
Ano lectivo arranca no Corvo com turmas com apenas dois alunos

Autor: Lusa/AO On line

A Escola Básica Integrada Mouzinho da Silveira, a única que existe no Corvo, tem cerca de quatro dezenas de alunos e uma dezena e meia de professores, que lecionam do 1.º ao 9.º ano de escolaridade.

Numa ilha com menos de 500 habitantes, as turmas desta escola caracterizam-se por ter poucos alunos, tendo Deolinda Estevão, presidente do Conselho Executivo, revelado à Lusa que neste ano letivo há "quatro alunos no 7.º ano e o mesmo número no 8.º ano".

"Na turma do 9.º ano de escolaridade há dois alunos", acrescentou.

A escola tem ainda seis alunos no 5.º ano e cinco no 6.º ano, enquanto no 1.º ciclo do ensino básico as turmas têm entre sete e nove alunos.

“São turmas relativamente pequenas", afirmou Deolinda Estevão, o que tem a vantagem de permitir "um ensino mais individualizado", mas "não estimula a competitividade entre os alunos".

Por outro lado, numa escola pequena “não é possível criar só um horário de Geografia, História ou Biologia", pelo que os docentes acabam por "lecionar um pouco de tudo”.

Um dos maiores problemas que se colocam aos alunos do Corvo é que apenas podem estudar nesta ilha até ao fim do ensino básico, pelo que "os jovens que terminam o 9.º ano de escolaridade têm que prosseguir os estudos noutras ilhas".

"A opção dos pais tem sido colocar os filhos nas ilhas onde podem ter apoio familiar”, o que faz com que a maioria dos jovens se inscrevam em escolas do Faial e da Terceira e que, apesar da proximidade, a vizinha ilha das Flores “acabe por não ter a preferência”.

Deolinda Estevão salientou o "grande sacrifício emocional” que é exigido aos jovens que são confrontados com a saída precoce para outra ilha, onde “nem sempre a adaptação é fácil”, além dos custos que a situação comporta para as famílias.

“Apesar de existirem bolsas para residência, não são suficientes. Manuais escolares, transportes e deslocações aéreas são despesas que têm que ser assumidas pelas famílias”, afirmou.

Todos estes condicionalismos fazem com que “muitos jovens não se adaptem” e regressem ao Corvo, optando por concluir o ensino secundário por blocos capitalizáveis, que correspondem aos 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade, uma possibilidade criada há dois anos.

Para ultrapassar esta questão, a presidente do Conselho Executivo da EBI Mouzinho da Silveira defende a criação do ensino secundário regular na mais pequena ilha açoriana, recordando que existem outras escolas com poucos alunos nas turmas deste grau de ensino.

“No Pico existem turmas muito reduzidas e isso não inviabiliza o ensino secundário regular naquela ilha. Faz todo o sentido que o Corvo também o tenha”, frisou.

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