Autor: Lusa/AOonline
"Chávez e os Presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, precisam conseguir, entretanto, um certo apaziguamento nos seus países e negociar o que for possível com a oposição para levar à frente o processo de refundação dos seus países", disse hoje à Lusa o analista político Antônio Celso Pereira.
Na avaliação desse professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a esquerda na América Latina é muito complicada, dividida, e tem-se mostrado "incompetente no poder para transformar a vitória num futuro".
Pereira considera que a eleição do socialista Evo Morales na Bolívia, em 2005, foi a mais importante, pois o país, que tem no gás o seu mais valioso recurso, foi "assaltado" durante séculos, tanto pelos colonizadores, como pelas elites.
O analista afirmou que, depois da nacionalização do sector de hidrocarburetos, Morales precisa agora negociar um grande acordo interno com a direita boliviana, que é muito "destrutiva".
"Se Morales não conseguir este acordo e apaziguar os cinco Estados da região conhecida por 'Meia Lua' (Santa Cruz de la Sierra, Tarija, Beni e Pando) e seus poderosos governadores, temo pelo futuro dele", assinalou Antônio Pereira.
Na Venezuela, também há risco de conflitos internos, devido à actual crise de abastecimento do país e a uma nova oposição que desponta, uma vez que os estudantes começam a mobilizar-se nas ruas.
Pereira admite ser difícil aceitar Chávez como um democrata, por considerar que o líder venezuelano "quer o poder a qualquer custo".
O professor da UFRJ lembrou, contudo, que o presidente venezuelano foi "obrigado a engolir" o resultado do referendo, que rejeitou, no último dia 02, a sua proposta de reforma constitucional.
Na opinião de outro analista político, o sociólogo Ivo Lesbaupin, da UFRJ, o facto de Chávez ter aceite o resultado das urnas foi interessante, embora acredite que o presidente da Venezuela vai tentar aprovar de outra forma a sua proposta de reforma da Constituição.
Para Lesbaupin, o governo de Chávez realmente tomou medidas para beneficiar os sectores populares, mas, quanto ao funcionamento da democracia no país, o analista tem uma visão crítica.
"A democracia na Venezuela não está se consolidando", referiu.
Em relação ao Equador, os dois académicos concordam que o presidente Rafael Correa tem um grande prestígio e que os movimentos sociais no país são muito fortes.
"Mas a direita já se organizou no Equador e arma uma grande frente de oposição", alertou Pereira.
Os actuais governos do Brasil, Chile e Uruguai são vistos pelos dois analistas como seguidores do ideal neoliberal.
Segundo Lesbaupin, a Argentina está entre esses dois grupos - Venezuela, Bolívia e Equador de um lado e do outro, Brasil, Chile e Uruguai, com presidentes socialistas que não romperam com o neoliberalismo.
"O governo de Nestor Kirchner atendeu parcialmente a interesses populares e teve avanços no campo dos direitos humanos, mas também não foi contrário aos interesses neoliberais", afirmou.
Na Nicarágua, o Presidente Daniel Ortega tem hoje um perfil mais parecido com Lula da Silva do que com Chávez.
Pode destacar-se também que mesmo nos países da América Latina em que a chamada esquerda foi derrotada, como no Peru e no México, ela teve um crescimento expressivo.
No Paraguai, a esquerda latina-americana acompanha com atenção a movimentação política, já que a escolha para o sucessor do presidente Nicanor Duarte se dará a 20 de Abril de 2008.
Nesse país, que viveu a mais longa ditadura militar de direita do Cone Sul com o general Alfredo Stroessner, o grande protagonista da cena política é o Partido Colorado, no poder há 60 anos.
O desafio que se coloca agora para a esquerda da América Latina é encontrar uma rota de saída segura do modelo neoliberal e formular projectos alternativos para a região fora do modelo dominante.
Na avaliação desse professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a esquerda na América Latina é muito complicada, dividida, e tem-se mostrado "incompetente no poder para transformar a vitória num futuro".
Pereira considera que a eleição do socialista Evo Morales na Bolívia, em 2005, foi a mais importante, pois o país, que tem no gás o seu mais valioso recurso, foi "assaltado" durante séculos, tanto pelos colonizadores, como pelas elites.
O analista afirmou que, depois da nacionalização do sector de hidrocarburetos, Morales precisa agora negociar um grande acordo interno com a direita boliviana, que é muito "destrutiva".
"Se Morales não conseguir este acordo e apaziguar os cinco Estados da região conhecida por 'Meia Lua' (Santa Cruz de la Sierra, Tarija, Beni e Pando) e seus poderosos governadores, temo pelo futuro dele", assinalou Antônio Pereira.
Na Venezuela, também há risco de conflitos internos, devido à actual crise de abastecimento do país e a uma nova oposição que desponta, uma vez que os estudantes começam a mobilizar-se nas ruas.
Pereira admite ser difícil aceitar Chávez como um democrata, por considerar que o líder venezuelano "quer o poder a qualquer custo".
O professor da UFRJ lembrou, contudo, que o presidente venezuelano foi "obrigado a engolir" o resultado do referendo, que rejeitou, no último dia 02, a sua proposta de reforma constitucional.
Na opinião de outro analista político, o sociólogo Ivo Lesbaupin, da UFRJ, o facto de Chávez ter aceite o resultado das urnas foi interessante, embora acredite que o presidente da Venezuela vai tentar aprovar de outra forma a sua proposta de reforma da Constituição.
Para Lesbaupin, o governo de Chávez realmente tomou medidas para beneficiar os sectores populares, mas, quanto ao funcionamento da democracia no país, o analista tem uma visão crítica.
"A democracia na Venezuela não está se consolidando", referiu.
Em relação ao Equador, os dois académicos concordam que o presidente Rafael Correa tem um grande prestígio e que os movimentos sociais no país são muito fortes.
"Mas a direita já se organizou no Equador e arma uma grande frente de oposição", alertou Pereira.
Os actuais governos do Brasil, Chile e Uruguai são vistos pelos dois analistas como seguidores do ideal neoliberal.
Segundo Lesbaupin, a Argentina está entre esses dois grupos - Venezuela, Bolívia e Equador de um lado e do outro, Brasil, Chile e Uruguai, com presidentes socialistas que não romperam com o neoliberalismo.
"O governo de Nestor Kirchner atendeu parcialmente a interesses populares e teve avanços no campo dos direitos humanos, mas também não foi contrário aos interesses neoliberais", afirmou.
Na Nicarágua, o Presidente Daniel Ortega tem hoje um perfil mais parecido com Lula da Silva do que com Chávez.
Pode destacar-se também que mesmo nos países da América Latina em que a chamada esquerda foi derrotada, como no Peru e no México, ela teve um crescimento expressivo.
No Paraguai, a esquerda latina-americana acompanha com atenção a movimentação política, já que a escolha para o sucessor do presidente Nicanor Duarte se dará a 20 de Abril de 2008.
Nesse país, que viveu a mais longa ditadura militar de direita do Cone Sul com o general Alfredo Stroessner, o grande protagonista da cena política é o Partido Colorado, no poder há 60 anos.
O desafio que se coloca agora para a esquerda da América Latina é encontrar uma rota de saída segura do modelo neoliberal e formular projectos alternativos para a região fora do modelo dominante.