Açoriano Oriental
Alterações climáticas também se combatem com mercados mais regulados

As metas ambientais e a luta contra as alterações climáticas apenas se conseguem se o mercado for mais regulado pelas políticas, invertendo a situação atual, defendeu o professor e ambientalista Viriato Soromenho-Marques.

Alterações climáticas também se combatem com mercados mais regulados

Autor: Lusa/AO online

Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e ativista do movimento associativo ligado à defesa do ambiente, Soromenho-Marques falava hoje na sessão que assinalou os 40 anos da Engenharia do Ambiente, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL).

Numa sessão em que antigos ministros fizeram depoimentos em vídeo sobre as políticas ambientais, Soromenho-Marques admitiu que nos últimos 40 anos se fez um trabalho "extraordinário" e disse que o mundo vive hoje uma era excecional, que mais do que de risco é uma era de incerteza.

E centrado no ambiente e nas alterações climáticas disse que é preciso o mundo compreender "a necessidade de vencer a ideologia da sociedade de mercado" e "retornar à função reguladora das políticas públicas", porque "o mercado coloca a sociedade debaixo de grandes pressões".

E depois, continuou, para que vençam as políticas do ambiente à escala europeia é preciso evitar a instabilidade na zona euro, porque "se a união monetária se fragmentar" deixam de existir desafios como a inovação tecnológica.

As políticas ambientais caracterizam-se por serem "um grande processo de tentativa erro, uma grande experimentação à escala global", começou por dizer o professor, que traçou também a história dessas politicas em Portugal, começadas em 1971 com a criação da Comissão Nacional do Ambiente.

E se a primeira lei de bases do ambiente é dos anos 80, os Estados Unidos e a Suécia tinham aprovado uma em 1969, disse, considerando que em Portugal as políticas ambientais sempre se caracterizaram por impulsos externos. Ainda assim, acrescentou: "É extraordinário o que conseguimos fazer mas temos de ter a humildade de entender que faltam passos".

Ao passado voltou também o diretor da FCT/UNL, Fernando Santana, quando lembrou a criação da licenciatura em 1977, "contra ventos e marés das outras engenharias". E depois destacou a "grande contribuição do curso para o país e até para o mundo", afirmando que esta área se tornou imprescindível.

"Não tardará o tempo", considerou Fernando Santana, que "os critérios ambientais vão determinar o que se pode ou não fazer nas realizações da humanidade", sobrepondo-se às questões técnicas e financeiras.

No mesmo sentido, a presidente do Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Júlia Seixas, sublinhou a necessidade de os outros ramos das engenharias integrarem os objetivos e as ambições da engenharia do ambiente, em nome de um futuro sustentável.

Para a professora, aquele que começou por ser uma especialidade da engenharia civil é agora "o curso do século XXI" que, nos próximos 40 anos, deve continuar a crescer e a responder aos desafios permanentes do "laboratório que se chama planeta Terra".


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