Açoriano Oriental
Açores têm de falar "a uma só voz"
A presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Ana Luís, considerou esta segunda-feira que "é imperativo" que a região fale "a uma só voz", destacando que após 40 anos de autonomia há "desafios diferentes" a enfrentar.

Autor: Lusa/AO online

 

"Respeitando a pluralidade e a diferença, é imperativo que se continue a falar a uma só voz, como o fizemos no passado na defesa da terceira revisão do Estatuto Político-Administrativo, da Lei das Finanças Regionais e em muitas outras matérias", afirmou Ana Luís, no discurso que proferiu na sessão solene de comemoração do Dia da Região Autónoma dos Açores, que decorreu nas Lajes das Flores.

Lembrando que se aproxima o 40.º aniversário da autonomia constitucional, em 2016, Ana Luís destacou que os Açores enfrentam hoje "desafios diferentes, mas não menos importantes".

"A consolidação democrática e, simultaneamente, o aprofundamento autonómico, colocam os Açores, mesmo com a sua ultraperiferia, insularidade e escassez territorial, no mundo global, onde pontuam os centros de debate nacional e europeu, onde se forma a opinião pública e onde se toma a decisão política", afirmou.

Assim, para Ana Luís, a região "deve estar preparada" para "mudanças que se aproximam" e "empreender uma intervenção pública nas matérias relacionadas com o ambiente e o mar".

"A extensão de mar dos Açores coloca-nos numa posição privilegiada, perante aqueles que debatem as potencialidades de uma área ainda hoje pouco conhecida. São estas as riquezas do atlântico profundo que teremos de saber salvaguardar redimensionando, assim, a nossa posição estratégica no país e no mundo", acrescentou.

Noutro momento do discurso, Ana Luís considerou ainda "imperioso", nos "tempos difíceis" atuais, "saber olhar para aqueles que mais sofrem, para aqueles que deixaram de acreditar" e que "já não têm esperança".

Apelando à participação política (e à não abstenção) de todos, Ana Luís dirigiu-se também aos eleitos "pelo voto do povo", a quem pediu para manterem a "humildade e sentido de serviço" e a proximidade "do outro".

A sessão solene do Dia dos Açores decorreu este ano nas Lajes das Flores, no ponto mais ocidental da Europa, e foram condecoradas 26 personalidades e instituições com insígnias da região.

Entre as personalidades distinguidas estão Adolfo Lima, antigo secretário da Agricultura e Pescas, Roberto Amaral, ex-secretário regional das Finanças, o escritor Vamberto Freitas, o meteorologista Anthímio de Azevedo (que morreu no ano passado), e o antigo presidente da Câmara de Ponta Delgada João Gago da Câmara (também a título póstumo).

A Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a Sociedade Portuguesa do Estudo das Aves e a Associação Cultural "Maré de Agosto" foram algumas das instituições também agraciadas no Dia da Região.

Apesar da proposta do PPM, que tem assento no parlamento dos Açores, o líder histórico dos independentistas dos Açores, José de Almeida, que morreu a 01 de dezembro de 2014, não integrou a lista de condecorados.

Durante a cerimónia desta segunda-feira, um dirigente do Partido Democrático do Atlântico (PDA) levantou-se e exibiu, em silêncio, um cartaz com uma fotografia de José de Almeida e a palavra "injustiça".

José de Almeida foi o fundador e dirigente da Frente de Libertação dos Açores (FLA), que defende a independência do arquipélago.

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