Açoriano Oriental
Açores "não aguentam" redução de 50% do investimento - câmara do comércio
O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), Sandro Paim, considerou hoje que os Açores "não aguentam" a redução do efetivo militar norte-americano na Base das Lajes.

Autor: Lusa/AO online

 

Segundo o semanário Expresso, a presença norte-americana na Base das Lajes será reduzida dos cerca de 800 militares e 600 familiares atuais para 160 elementos, o que colocará em causa cerca de 300 postos de trabalho portugueses diretos, num universo atual de 790.

Para Sandro Paim, a redução “não é comportável”, pelo que Portugal tem de “exigir no mínimo que estes impactos não sejam sentidos numa altura destas”.

“Estamos a falar de impactos de 10 a 15% no PIB da região, estamos a falar de uma redução de 30 a 40 milhões de encaixe numa economia de uma ilha como a Terceira”, frisou, com base numa redução de 50% do total do investimento direto da administração norte-americana na Base das Lajes, correspondente a cerca de 60 a 70 milhões de euros por ano.

O representante dos empresários da ilha Terceira salientou que o setor privado “não vai conseguir” absorver os trabalhadores portugueses dispensados pela Base das Lajes, até porque neste momento as empresas regionais estão “a reduzir postos de trabalho”.

“A Base já empregou à volta de 1.500 trabalhadores portugueses. Já houve uma redução grande de trabalhadores, mas numa altura em que a economia estava a crescer e portanto houve a capacidade de absorver estes trabalhadores na economia privada”, frisou.

Sandro Paim lembrou ainda que além de um excedente de trabalhadores diretos, a redução da presença norte-americana na Base das Lajes deverá provocar o despedimento de trabalhadores de empresas que prestam serviços à entidade, num número que acredita ser superior aos 300 despedimentos diretos propostos pelos Estados Unidos, de acordo com o Expresso.

O presidente da CCAH afirmou que “não é concebível” que os Estados Unidos queiram continuar a ter uma base nos Açores sem darem nada “em contrapartida”, defendendo que “os Açores têm de ponderar se lhes interessa continuar com um território americano”.

Sandro Paim considerou que “há um conjunto de medidas que têm de ser salvaguardadas para que esses impactos sejam reduzidos”, dando como exemplo a criação de um “gabinete de apoio ao desenvolvimento”, como os Estados Unidos têm “em muitos sítios desfavorecidos”, que garanta a “internacionalização” das empresas regionais, para que possam empregar os trabalhadores dispensados.

O empresário admite também a criação de uma fundação com sede nos Açores, criticando a Fundação Luso Americana (FLAD), que apesar de ter sido criada no âmbito do acordo da Base das Lajes, tem “resultados mínimos nos Açores”.

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