Açoriano Oriental
Acabar com preconceito contra o envelhecimento
Um livro que ensina como transmitir aos jovens uma imagem positiva do envelhecimento e a não discriminar os idosos foi apresentado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e por investigadores do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.
Acabar com preconceito contra o envelhecimento

Autor: Lusa/AO online

 

O livro eletrónico "ImAGES: A Idade Somos Todos Nós - Programa de intervenção de promoção de imagens positivas de envelhecimento em crianças e adolescentes", foi criado no quadro do projeto europeu SiforAGE e desenvolvido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pelo Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE.

"A ideia deste programa intergeracional tem o propósito de combater o preconceito sobre a idade, que é o chamado 'idadismo'", explicou Filomena Gerardo, da Santa Casa, acrescentando que este projeto assenta na lógica de que "a investigação esteja sempre ligada à prática e que seja útil para a população em geral".

Sibila Marques, investigadora do ISCTE, salientou, com base em estudos anteriores, que "existe uma imagem muito generalizada das pessoas idosas como simpáticas, mas pouco competentes".

"Este estereótipo é prevalecente em vários países do mundo e o que nós verificamos na nossa equipa do ISCTE é que é comum também em crianças de tenras idades, desde os seis anos", disse.

Para desconstruir esta ideia, numa primeira fase, os investigadores mostraram a crianças que "as pessoas idosas são muito mais variadas do que eles pensam e que existem muitos exemplos de pessoas mais velhas com atividades de muita competência e de muita participação social", explicou.

Depois foi a vez de utentes seniores da Santa Casa irem à escola Vergílio Ferreira, em Carnide (Lisboa), trabalhar com jovens dos 11 aos 14 anos.

"Essas atividades de contacto foram feitas segundo determinados critérios científicos, como manterem um estatuto igualitário na realização da tarefa, terem um objetivo comum aos dois que era pensarem lisboa como uma cidade melhor para os dois grupos. Os adolescentes, no final, tinham uma perceção das pessoas idosas como mais competentes do que no início", explicou Sibila Marques.

Projetos semelhantes tiveram já resultados semelhantes na Lituânia e na Áustria, países que com Portugal, Espanha e o Brasil desenvolveram este programa.

Para Sibila Marques, o objetivo é aplicar o projeto em várias escolas em Portugal e na Europa, mas também "fazer este género de trabalhos nas empresas, nos serviços sociais, nos hospitais e a várias esferas".

"Precisamos de uma mudança ideológica no modo como pensamos o envelhecimento e temos de fazer este género de trabalhos para que esta mudança ocorra. É importante implementar isto como uma estratégia nacional devido à importância das ações. Não passa apenas por ações pontuais, mas por uma política assente nesta ideia da intergeracionalidade e na promoção de uma ideia mais positiva do envelhecimento", concluiu.

Filomena Gerardo realça que o livro "é um manual que os profissionais podem aplicar", nomeadamente qualquer professor na sala de aula.

O livro eletrónico está disponível gratuitamente online em inglês e em português em https://www.leyaonline.com/pt/livros/ciencias-sociais-e-humanas/antropologia-e-sociologia/images-ebook/ .

RCS // PMC

Lusa/Fim

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