Açoriano Oriental
Abandono é maior entre alunos que entram no ensino superior com médias mais baixas
A percentagem de alunos que abandona os estudos é muito maior entre os que entram no ensino superior com médias mais baixas, segundo um relatório do Ministério da Educação e Ciência (MEC) hoje divulgado.
Abandono é maior entre alunos que entram no ensino superior com médias mais baixas

Autor: Lusa/AO Online

Quase 40 por cento dos estudantes que entraram na universidade com média de 10 valores acabaram por desistir do curso, revela o estudo que analisou a situação dos estudantes em 2012/2013, um ano após terem entrado no ensino superior pela primeira vez.

A taxa de abandono desce para 23,6% entre os que entraram na universidade com média de 11 valores e situa-se nos 6% entre os que se candidataram com média 15, segundo a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEES).

“Se os números às vezes falam, aqui os números gritam”, disse João Batista, subdiretor-geral da GDEES, durante a apresentação dos dados no seminário sobre "Sucesso Académico", no Teatro Thalia, em Lisboa.

O relatório analisou o percurso dos cerca de 62 mil caloiros que entraram nas universidades e politécnicos portugueses em 2011/2012 e confirmou que o impacto das notas do ensino secundário também se verifica nos politécnicos.

“Entre os alunos que entram com uma média de 10 valores, a taxa de abandono é de 18% e entre os alunos com média de 11 a taxa desce para 14%”, afirmou João Batista.

Segundo o responsável da DGEES, “as decisões sobre abandono são feitas logo nos primeiros meses do ano” e por isso é preciso garantir que alguns processos, como os de atribuição de bolsas, não se prolongam no tempo.

A DGEES analisou o impacto da atribuição de bolsas e percebeu que a taxa de abandono entre quem pediu e recebeu aquele apoio social foi menor (4%) do que entre quem fez o requerimento mas não teve direito (9%).

Entre os alunos a quem foi recusada a bolsa e os que nem sequer se candidataram, as taxas de abandono “não foram muito diferentes”, situando-se ambas nos 9%.

A DGEES encontrou ainda grandes diferenças entre quem chega ao superior através do regime geral de acesso e os que entraram através do regime especial (como são os casos dos candidatos com mais de 23 anos, os titulares de outros cursos superiores ou transferência de cursos).

Enquanto no regime geral de acesso, a taxa de desistência é de 7,8%, nos regimes especiais dispara para quase 30%, situação que leva João Batista a defender que as estratégias de combate ao abandono devem ser diferentes consoante o tipo de aluno em causa.

Na Universidade de Coimbra (UC), a professora Madalena Alarcão também analisou o problema e verificou que a taxa de abandono diminuiu 2,2 pontos percentuais, passando de 11,3% em 2012/2013 para 9,1% em 2013/2014.

Madalena Alarcão acredita que “com a crise económica, o número de estudantes decresceu” e os alunos com grandes dificuldades económicas já nem sequer chegam ao ensino superior.

O estudo da UC traça o perfil da maioria dos alunos que abandona o ensino: “São homens, estudantes mais velhos, deslocados e que frequentam licenciaturas”, resumiu Madalena Alarcão.

Segundo a professora, o abandono tem mais impacto entre os estudantes cujos pais têm um nível académico inferior ao ensino secundário.

Em Coimbra, a universidade decidiu lançar alguns projetos pontuais de combate ao abandono, oferecendo tutoriais de docentes e pares.

Resultado: As tutorias por docentes tiveram impacto na frequência das aulas dos alunos e as tutorias por colegas surtiram efeito nas aprendizagens dos alunos.

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