Açoriano Oriental
A surpresa, a traça e a vingança nos quiosques do mundo
Os quiosques do mundo, reais e virtuais, dão destaque à vitória de Portugal no Europeu de Futebol, mas não escondem a surpresa, falam em vingança e brincam sobre "a sorte" da traça que pousou em Ronaldo.

Autor: Lusa/AO online

 

Não precisamos de provar que há mesmo um português seja onde for desde que um atentado terrorista no Burkina Faso – sim, Burkina Faso – vitimou um cidadão luso, em janeiro deste ano. Nesse mesmo país africano, o sítio online do jornal “Le Pays” relata, hoje, como a seleção nacional “abafou o galo francês”.

Não somos só onze milhões foi uma frase muito ouvida durante este Europeu, até porque era passado em França, país que alberga uma das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro. Àqueles onze é preciso acrescentar mais cinco, a estimativa de portugueses e lusodescendentes que vivem espalhados pelo mundo.

No continente africano, os festejos foram muitos nos países onde se fala português, isso já se esperava. Mas África é enorme. Na África do Sul, onde residem cerca de 300 mil portugueses, o The Times dá destaque à traça – uma das muitas que invadiram o estádio parisiense de Saint-Denis, no domingo – que pousou na cara de Cristiano Ronaldo, quando, vencido, chorou por saber que teria de abandonar o jogo da final.

A propósito, o jornal menciona comentários publicados na rede social Twitter: “imaginem se a traça tivesse engolido uma das lágrimas de Ronaldo, tornar-se-ia no maior jogador da história dos insetos” ou o mais irónico: “sabemos que a final foi uma seca quando o destaque do jogo é uma traça na cara de Ronaldo”.

O kiosko.net ou o paperboy.com ajudam-nos a fazer a ronda pelas primeiras páginas da imprensa internacional, que se divide entre os que vivem apaixonadamente o futebol – América Latina na liderança –, os que, por arrogância ou inveja, decidem ignorar, ou referir de forma muito escondida, o feito, e ainda aqueles que não foram contaminados pelo vírus de 11 para 11 homens a correrem atrás de uma bola (na Austrália, é mais cangurus).

Nos países onde as comunidades portuguesas são significativas, há destaque para a seleção. Afinal, “foi a vez de Portugal estragar a festa ao país anfitrião”, recorda o jornal “National Post” (do Canadá, onde vivem mais de 500 mil portugueses), aludindo ao Euro2004, quando a Grécia bateu Portugal, na final, em solo nacional. Este país norte-americano conta ainda com uma edição local do “Correio da Manhã”, que tem acompanhado ao minuto o regresso da seleção a casa.

Mais a sul, a América Latina manifesta o seu interesse pelo futebol, jogue-se onde jogar.

O diário “Clarín”, na Argentina, país de Messi e de paixões futebolísticas, onde não vivem sequer 20 mil portugueses, mostra Ronaldo a segurar a taça e apelida Portugal de “rei da Europa”.

O vizinho Uruguai – terra natal do escritor Eduardo Galeano, que dizia que “o futebol é a única religião sem ateus” e garantia ter nascido, “como todos os uruguaios, a gritar ‘golo’” (“El fútbol a sol y sombra”) – faz foto com a seleção e titula “Portugal histórico” (“El Observador”).

Ainda no mesmo continente, os principais jornais chilenos não fogem ao assunto, com o “La Tercera” a titular “Por tu gol” e a assinalar que “o desconhecido Éder” entregou a taça a Portugal.

Na Colômbia, “El Tiempo” anuncia um “Golpe de Estado” cometido por um “aguerrido Portugal”, enquanto no México o “Excelsior” mostra a “majestade” Ronaldo a beijar a taça e o desportivo “Cancha” enche a primeira página com a seleção de Portugal, com o título “Tomam Paris”.

Na Roménia, eliminada logo no princípio do Euro, o sítio na internet do “Adevarul” abriu um fórum de discussão sobre se “Portugal mereceu o título de campeão europeu”.

Já na Rússia – que se notabilizou mais fora de campo do que dentro, e não pela positiva –, o sítio na internet “Gazeta” faz uma galeria de fotos com o “sabor da vitória” e o artigo mais lido no blogue ao vivo (liveblog) é, por esta hora, “A ‘marselhesa’ portuguesa no Euro”.

Na Turquia, com um pé na Ásia, mas que jogou o Euro2016 – aliás, a companhia aérea nacional Turkish Airlines era um grande patrocinador do Euro –, o diário “Hürriyet” cede o canto superior esquerdo ao festejo de Éder e à tristeza de Ronaldo quando teve de abandonar a partida.

Mas a Ásia também é enorme e até na China Portugal foi notícia, com a agência de notícias Xinhua a lembrar que faltava este título a Ronaldo. Na verdade, faltava a Portugal inteiro.

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