Autor: Lusa
“Se tivermos em conta que os anos mais quentes também trazem mudanças nas chuvas e na variabilidade da temperatura, verifica-se que o impacto estimado do aumento das temperaturas é pior do que se pensava anteriormente”, explicou o economista Paul Waidelich, da ETH Zurique, que liderou a equipa internacional responsável pelo estudo, divulgado na quarta-feira pelo Instituto Federal de Tecnologia (ETH) de Zurique, na Suíça.
O trabalho, que utilizou projeções de 33 modelos climáticos globais, defende que o crescimento económico futuro depende de uma ação rigorosa em relação ao clima, sustentando que limitar o aquecimento da Terra a 1,5ºC acima dos valores médios da era pré-industrial em vez de 3ºC pode reduzir em dois terços as perdas mundiais devido às alterações climáticas.
“Os nossos resultados mostram que o custo da inação climática é substancial”, sublinhou Sonia Seneviratne, do ETH Zurique e coautora do estudo.
“Alguns ainda dizem que o mundo não pode pagar uma descarbonização rápida, mas a economia global também sofrerá os impactos das alterações climáticas”, insistiu a também vice-presidente do Grupo de Trabalho I do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas.
Um aquecimento global de 3ºC aumenta o risco de chuvas torrenciais em todo o planeta, o que reduz o PIB mundial numa média de 0,2%, o que, face à atual dimensão da economia, equivaleria a 200 mil milhões de dólares (187,6 mil milhões de euros).
Entre os fenómenos climáticos extremos considerados, as ondas de calor são o que causa maior impacto, sugerindo o estudo que “quase metade dos danos económicos devido a um aquecimento global de 3ºC podem estar relacionados com o calor extremo”.
A equipa de investigação admite, no entanto, ser complicado projetar os impactos da variabilidade e dos fenómenos climáticos extremos, porque também dependem da sua duração e de como a sociedade se irá adaptar.
Por outro lado, considera que o custo total das alterações climáticas será provavelmente bastante mais elevado, dado que o seu estudo não inclui os impactos que não são económicos de fenómenos como secas e subidas do nível do mar.